São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Espanha limita emprego para estrangeiro

Governo diminui em um terço lista de profissões que admitem imigrantes; maioria delas oferece baixa remuneração

Empregada doméstica, pedreiro, encanador e carpinteiro, que costumam atrair brasileiros, estão entre as atividades vetadas

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

A partir de agora, fica mais difícil encontrar emprego para o brasileiro que quer trabalhar legalmente na Espanha: o governo espanhol reduziu em um terço a lista de profissões para as quais é permitida a contratação de pessoal no exterior.
Caem da relação, entre muitas outras, as de empregadas domésticas, pedreiros, encanadores e carpinteiros, justamente as atividades que atraíam a maior parcela dos brasileiros, conforme pesquisa feita por Duval Fernandes, demógrafo e professor do programa de pós-graduação em geografia da PUC de Minas Gerais.
Diz o trabalho de Fernandes: "O trabalho em Madri é, para os homens, na maioria dos casos, na construção civil, onde recebem um salário médio de 1.100 (ou R$ 3.500). No caso das mulheres, o trabalho é de doméstica interna (quando dorme no emprego) ou diarista. Neste caso, o salário médio é de 900 (o equivalente a R$ 2.865)".
A lista do governo espanhol chama-se oficialmente "catálogo de ocupações de difícil preenchimento". Na prática, quer dizer que são trabalhos que os espanhóis já não querem exercer, por serem pesados e de remuneração baixa.
Por isso, 454.717 imigrantes chegaram à Espanha com contrato de trabalho já assinado, no período entre janeiro de 2005 e 31 de julho passado, quando foram divulgados os últimos dados oficiais. Só nos primeiros oito meses de 2008, as contratações no exterior foram de 88 mil pessoas.
O corte atinge outras profissões braçais, como a de peão para a agricultura ou a de lixeiro. Mas sobreviveram na lista ocupações de nível médio, como a de enfermeiro e a de fisioterapeuta. No nível superior, continua permitida a profissão de médico.
Para os brasileiros, a brecha é importante porque, sempre segundo a pesquisa de Duval Fernandes, a maioria dos que migraram para a Espanha tem ensino médio completo.
Mais da metade (exatamente 58%) trabalhava, no Brasil, com carteira assinada, mas, na Espanha, a grande maioria acaba sendo forçada a aceitar a informalidade no emprego.

NA INTERNET - A relação completa
http:// www2.inem.es/catalogoOcupaciones/web/asp/catOcupaciones.asp



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