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Dutra é reprovada em estudo técnico
Agência aponta que praticamente todos os trechos da rodovia têm excesso de veículos e há pontos com altos índices de acidentes
Rodovia está com capacidade esgotada ou muito perto da saturação; concessionária admite necessidade de obras
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Principal ligação entre as
maiores metrópoles do país, a
rodovia Presidente Dutra (BR-116) foi reprovada no mais amplo estudo já feito por técnicos
da União sobre qualidade das
estradas federais concedidas à
iniciativa privada.
O documento aponta que
praticamente todos os trechos
da Dutra têm excesso de veículos e há pontos com altos índices de acidentes com mortes. E
que a rodovia está com capacidade saturada ou muito perto
de saturação.
O diagnóstico realizado pela
ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres) deu
nota baixa para a estrada que liga São Paulo ao Rio em seis dos
sete trechos avaliados.
A escala de avaliação vai de
"A" a "F". A Dutra recebeu uma
nota "F", três notas "E", duas
"D" e uma nota "C".
O pior trecho, que recebeu
nota "F", fica na Baixada Fluminense. E é exatamente ali
que ocorre o maior índice de
mortos (cálculo que considera
mortes, extensão da estrada e
tráfego médio). Em 2008 foram
65 mortos em apenas 2,4 quilômetros de estrada.
Mais praças de pedágio
A estrada foi concedida à empresa NovaDutra em 1995,
quando era conhecida como a
"rodovia da Morte", e começou
a cobrar pedágio no ano seguinte. Os investimentos na estrada
num primeiro momento baixaram muito os índices de acidentes e mortes.
Nos últimos anos, porém, o
número de mortes na via se estabilizou: foram 226 em 2006 e
em 2007 e três a mais em 2008.
"Na época da concessão [assinada em 1995], o pedágio era
apontado como salvação da lavoura. Hoje a Dutra é outra rodovia, mas o investimento parou e a ANTT vinha sendo muito lenta em determinar mais
obras", diz Eduardo Rebuzzi,
diretor da CNT (Confederação
Nacional de Transportes).
A mesma crítica é feita pelo
empresário Blaird Cardoso,
que dirigiu o sindicato das
transportadoras do Vale do Paraíba na época da concessão.
"As novas obras não saem mais.
É preciso rever tudo."
Procurada, a ANTT diz que a
concessionária já realiza obras
para melhorar o ponto mais
crítico e também elabora projetos para construir marginais ao
longo da estrada, além de fazer
operações especiais para combater os congestionamentos.
A agência afirma também
que os locais mais perigosos são
os mais movimentados, o que
seria comum em rodovias.
O esgotamento da Dutra já
levou a tentativas de entendimento entre os governadores
José Serra (PSDB-SP) e Sérgio
Cabral (PMDB-RJ) para construir uma nova ligação.
A Folha procurou o secretário dos Transportes de São
Paulo, Mauro Arce, mas sua assessoria disse que ele não poderia se manifestar ontem.
O grupo de trabalho tripartite -formado por órgãos do governo, usuários e NovaDutra-
que discute a concessão se reúne no próximo dia 20 para discutir os rumos da estrada.
Uma das propostas é realizar
uma nova divisão de pontos de
cobrança do pedágio, como
ocorreu no início da década.
Assim, mais usuários passariam a pagar o pedágio (com
valor menor).
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