São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2001

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RIO ANTIGO

Lavradio terá novas construções, como bares e teatros, e reforma estrutural, de pavimentação e nas fachadas

Rua deve ser revitalizada até dezembro

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Uma reforma num dos trechos que melhor representam os estilos arquitetônicos do Rio antigo, a rua do Lavradio, na zona central, deve estar concluída no próximo mês e promete trazer de volta a vida cultural e noturna do local.
A reforma estrutural e de pavimentação, que envolveu a troca de todas as galerias de águas e esgoto -muitas tinham mais de um século de existência-, e o alargamento das calçadas de 1 m para 4 m, custou cerca de R$ 5 milhões e começou em 1999.
Após a conclusão das obras, será a vez das fachadas dos prédios e casarões. Uma parceria da prefeitura com a Fundação Roberto Marinho promoverá a revitalização dos imóveis.
"O objetivo dessas reformas é buscar as origens da rua, a tradição e a vida cultural daqui", diz o antiquário Plínio Fróes, presidente da Associação dos Comerciantes do Centro do Rio Antigo.
Além das reformas, serão abertos espaços culturais, dois teatros e cafés ao longo de todo o trecho, que recebeu uma fileira de palmeiras imperiais. A idéia do alargamento das calçadas é que bares e restaurantes coloquem suas mesas do lado de fora, contribuindo para a vida noturna do local.
Para comemorar a revitalização, o antiquário Scenarium -um dos 24 da rua-, que guarda móveis antigos para locações de TV, cinema e teatro, promoveu o Festival Ariano Suassuna. Foram sete dias de apresentação de peças do escritor, palestras, leitura de poesias e projeção de filmes.
A comemoração foi na sede do Scenarium, um casarão de três andares no estilo eclético, construído em 1880. Com o festival, Fróes, dono do antiquário, aproveitou para abrir um dos teatros que vão funcionar na rua. O outro, no casarão ao lado, deverá estar pronto no ano que vem.
O próprio Suassuna veio especialmente ao Rio para agradecer à homenagem. "Foi maravilhoso. Nunca uma homenagem conseguiu representar tão bem a minha obra", disse. Uma das encenações do festival foi "A Mulher Vestida de Sol", escrita quando o autor tinha 20 anos e que nunca havia sido interpretada no teatro.
Aberta em 1771, a rua foi um importante reduto cultural da cidade entre o século 19 e o início do 20. Lá residiram figuras ilustres como Duque de Caxias e Marquês de Olinda. "Ela foi reduto de barões e marqueses e, posteriormente, de artistas, com teatros e bares. É a síntese da cidade", diz.
A arquitetura da rua superpõe, por exemplo, o século 18 e o modernismo. Há ainda construções tombadas, como a Sociedade Brasileira de Belas Artes.


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