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Médicos apóiam resolução do CFM; OAB fica dividida
A CNBB informou que só se manifestará após tomar conhecimento do texto
Norma que prevê suspensão de novos tratamentos para pacientes terminais sem chances de cura é aprovada por católica e por espírita
DA REPORTAGEM LOCAL
A resolução aprovada ontem
pelo Conselho Federal de Medicina que permite ao médico
suspender tratamentos que
prolonguem a vida de doentes
sem chances de cura divide opiniões dentro da OAB.
Enquanto o presidente da
Comissão de Bioética e Biodireito da seccional São Paulo,
Erickson Gavazza Marques,
opina que a resolução contraria
a legislação, o vice-presidente
nacional da ordem, Aristóteles
Atheniense, diz acreditar que
não haverá muita resistência da
entidade em concordar com a
posição do conselho.
"Há uma tendência mais liberal e mais democrática de
examinar temas como esse sem
pieguismos e sem preconceitos, especialmente religiosos",
afirmou Atheniense.
A médica católica Eliane Elisa de Souza e Azevedo, ex-reitora da Universidade Federal
da Bahia e especialista em bioética, cita uma encíclica do papa
Pio 12 condenando o prolongamento artificial da vida para
apoiar a resolução. A médica
lembra que o papa João Paulo
2º, morto no ano passado, recusou o tratamento em hospitais,
ainda que contasse com mais
recursos técnicos.
O médico David Monducce,
palestrante da Feesp (Federação Espírita do Estado de São
Paulo), disse que a decisão de
permitir a ortotanásia é positiva. De acordo com ele, a doutrina espírita entende que prolongar artificialmente a vida não
traz nenhum benefício.
O presidente da Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva,
Douglas Ferrari, elogiou a decisão do CFM, mas defendeu um
aprimoramento do texto da resolução. Segundo ele, o uso da
palavra "suspender" pode dar a
entender que os médicos poderão interromper tratamentos a
que o paciente é submetido
-exemplo, retirar um antibiótico. Na verdade, afirma, o conselho apenas respaldou o que
os médicos já fazem em todas
as UTIs do Brasil: não insistir
em novas terapêuticas, como
uma nova cirurgia, um novo remédio que só trariam mais desconforto ao doente e não mudariam sua condição de saúde.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) informou que só se manifestará após
tomar conhecimento do texto
da resolução.
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