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OAB nacional vai apurar lista de inimigos
Juíza trabalhista move uma ação de indenização por causa da divulgação com 173 nomes pela seccional paulista da ordem
A associação nacional de
promotores também é contra, pede punição e quer que outras seccionais sejam proibidas de adotar a idéia
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Conselho Federal da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) vai apurar denúncia contra
a seccional da entidade em São
Paulo, que decidiu divulgar em
seu site uma lista com os nomes
de 173 pessoas consideradas
inimigas da categoria.
Entre os inimigos nomeados
na lista estão juízes, promotores, policiais, políticos e jornalistas que, segundo a apuração
de uma comissão da própria
OAB-SP, teriam violado as
prerrogativas dos advogados.
Além da exposição, quem tiver o nome na lista pode ter negado o pedido de carteira da
OAB para atuar como advogado. A lista inclui até o nome de
um promotor premiado pela
própria ordem na área de direitos humanos. Uma juíza trabalhista, citada na listagem, entrou com uma ação por danos
morais contra a seccional.
"Nem no tempo do DOI-Codi
[órgão de repressão da ditadura
militar] tinha uma lista dessa
natureza", afirmou José Carlos
Consenzo, presidente da Conamp (Associação Nacional
dos Membros do Ministério
Público). Ontem, a Conamp entrou com uma representação
no Conselho Federal da OAB
contra a decisão da seccional de
São Paulo. A associação faz três
pedidos: a suspensão da divulgação da lista pela internet, a
proibição de que a medida seja
adotada por outras seccionais e
punição em caso de ilegalidade.
O presidente do conselho,
Roberto Busato, informou que
será nomeado um relator para
o caso. A representação será
analisada pelos conselheiros no
começo do próximo mês.
Ações
A divulgação da lista já gerou
a primeira ação de indenização
contra a OAB-SP. Cláudia Zerati, juíza da 7ª Vara do Trabalho
de São Paulo, descobriu em setembro que seu nome estava na
lista. Na época, a listagem era
chamada de "Serasa da OAB-SP", em referência ao cadastro
de inadimplentes do setor bancário. "Eles só mudaram a denominação para cadastro de
autoridades que receberam
moção de repúdio, mas mantiveram o meu nome", explicou a
juíza. "Senti-me ofendida como
cidadã e como magistrada."
Ela afirma que a OAB tem direito de fazer desagravos, mas a
forma de divulgação -em um
site que não exige senha de
acesso- e a possibilidade de represália são medidas absurdas.
Thales Cezar de Oliveira, relações-públicas da Associação
Paulista do Ministério Público
de SP, afirma que a divulgação
da lista é antidemocrática. A
entidade usa como exemplo o
caso do promotor da Infância e
Juventude Wilson Tafner. Ele
está na lista porque, em 1998,
pediu que um advogado fosse
ouvido como testemunha em
inquérito policial que envolvia
uma quadrilha que aplicava
golpes de consórcio de carros.
O promotor recebeu menção
honrosa em um prêmio concedido pela comissão de direitos
humanos da OAB-SP, em 2002.
Ele também foi convidado inúmeras vezes pela entidade para
participar de debates. Tafner
não quis comentar o assunto.
A presidente em exercício da
OAB-SP, Márcia Melaré, afirmou que a publicação da lista é
legal e que a questão "não é de
competência de regulamentação do Conselho Federal". Segundo ela, a divulgação é uma
competência da gestão administrativa da seccional.
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