São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

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Famílias vão processar pilotos do Legacy

Advogado que representa 40 famílias disse que "autoridades" lhe confirmaram que eles fizeram "manobras aéreas" antes da colisão

Ele usou a informação, que é negada pela Aeronáutica, para incluir os pilotos como réus nos processos abertos nos EUA contra empresas

REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Advogados que representam 40 famílias de vítimas do acidente da Gol informaram ontem que também vão processar os pilotos do Legacy, Joe Lepore e Jean Paladino. Segundo o advogado americano Manoel von Ribbeck, "autoridades" do comando da Aeronáutica confirmaram a informação de que os pilotos fizeram "manobras aéreas" a 37 mil pés de altitude antes de colidir com o Boeing.
Ele disse que usou a informação, que é negada pela Aeronáutica, para incluir os pilotos como réus nos processos abertos nos EUA contra as empresas envolvidas no acidente. No início da semana, o escritório de Ribbeck em Nova York ingressou com ação de indenização contra a ExcelAire, proprietária do Legacy, a Honeywell, que produziu o sistema de alarme anticolisão, e a Boeing, fabricante do avião da Gol.
Ontem, o advogado também não descartou a possibilidade de processar os controladores de vôo que trabalhavam na tarde do acidente, desde que fique comprovada a responsabilidade deles. Para isso, Ribbeck disse que terá que esperar a conclusão das investigações que estão sendo feitas no Brasil.
"O piloto do Legacy foi mais do que negligente. Estavam fazendo manobras aéreas e o governo confirmou nossas teorias", disse Ribbeck.
O advogado disse que "infelizmente" não pôde revelar quem da Aeronáutica lhe confirmou a informação. Mas ressaltou que o jornalista americano Joe Sharkey, que estava no Legacy, prestou depoimento no Brasil e teria dito que os pilotos fizeram manobras para mostrar as "maravilhas" do jato recém adquirido pela ExcelAire.
Em entrevista coletiva, Ribbeck apresentou uma simulação de como pode ter sido a colisão entre o Boeing e o Legacy. Segundo avaliação de peritos que trabalham com o advogado, o avião levou 1min53s para cair "em parafuso" e as pessoas sabiam que iam morrer. "Houve o que nós chamamos de terror pré-impacto", disse.

Gol
Em audiência na Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado, a advogada Carla Coelho, da Gol, afirmou ontem que a companhia já iniciou a discussão sobre o pagamento das indenizações às famílias de vítimas. Ela representou o diretor-presidente da Gol, Constantino Júnior, que não foi ao encontro.
Carla disse que as indenizações às famílias serão discutidas caso a caso. "Algumas famílias entendem que não é o momento para discutir o assunto."
Viúva de uma das vítimas do acidente, Eulália Carvalho foi convidada para participar da audiência. Ela fez críticas à Gol, à Aeronáutica e ao IML (Instituto Médico Legal) de Brasília.
Pediu que a companhia faça sua proposta de indenizações por escrito. Disse que a Aeronáutica não deu informações suficientes sobre o acidente. E que o IML ainda não concluiu os laudos necroscópicos.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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