São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

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Camelôs invadem o calçadão de Ribeirão

Cerca de 30 ambulantes que têm box no "camelódromo" subiram para o local, se juntando aos deficientes e aos ilegais

Deficientes rejeitaram o decreto que formaliza sua transferência do calçadão para os boxes construídos na rua Duque de Caxias

GUILHERME CAMPOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

O calçadão da rua General Osório, no centro de Ribeirão Preto, amanheceu ontem lotado de camelôs. A invasão, a 45 dias do Natal, foi motivada pela recusa dos ambulantes deficientes físicos de ocupar boxes construídos para eles na galeria da rua Duque de Caixas, conhecida como "camelódromo"
Cerca de 30 ambulantes regulares e não-deficientes que ocupam a galeria e pelo menos mais 25 ilegais tomaram o calçadão com seus produtos (CDs e vídeos piratas, redes, óculos de sol, roupas) e permaneceram no local até o final da tarde.
Os consumidores tiveram dificuldades de andar pelo calçadão e os lojistas da rua reclamaram da concorrência, que consideram desleal, já que os ambulantes não pagam impostos nem têm despesas para manter o ponto.
Desta vez, a polêmica ocorre porque os deficientes rejeitaram o decreto do prefeito Welson Gasparini (PSDB), publicado na última quarta-feira, regulamentando a ida do grupo para o camelódromo.
Para rejeitar o decreto, eles alegam que o texto não garante sua permanência na galeria, não oferece segurança e que o servidor público nomeado para gerenciar o local não tem a aprovação do grupo.
De acordo com o ambulante deficiente visual Leandro Pereira da Silva, 26, o grupo quer a revisão do decreto. "Vamos encaminhar um ofício para a Câmara e o Ministério Público para que revejam esse estatuto."
A líder dos camelôs da galeria que invadiram o calçadão ontem, Cleusa Bezerra da Silva, 53, disse que o grupo só sai do local na hora em que todos os ambulantes forem para a galeria, sem exceção.
"A lei tem que ser igual para todos. Aqui [no calçadão] as vendas são muito melhores no fim de ano, por isso eles querem ficar", disse Silva.
A prefeitura afirmou que o decreto atende todas as reivindicações dos deficientes. Hoje o novo representante da galeria vai tentar convencer o grupo a tomar posse de seus boxes. Se ele fracassar, a fiscalização promete apreender todas as barracas na próxima segunda-feira.
A "novela" dos deficientes começou há pelo menos seis meses, quando o grupo alegou que não poderia cumprir a lei que proíbe o comércio ambulante no quadrilátero central da cidade porque não havia espaço adequado no "camelódromo". A prefeitura, então, fez reformas no prédio, sob a supervisão do Ministério Público. Reforma pronta, os deficientes exigiram a formalização da mudança por decreto.


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