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Anticoncepcional é interditado por 30 dias
Veto ao Contracep injetável é válido enquanto são realizados outros exames e vistoria na fabricante, a EMS Sigma Pharma
A Anvisa orientou as usuárias do medicamento a procurar um médico, a fazer um teste de gravidez e
a utilizar preservativo
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) proibiu
ontem por 30 dias a comercialização e o uso em todo o país do
anticoncepcional injetável
Contracep, fabricado pelo laboratório EMS Sigma Pharma,
por suspeita de que o medicamento não é eficaz.
Anteontem, o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de
São Paulo já havia proibido a
venda e o consumo no Estado
de três lotes: 080501-1,
080496-1 e 087359-1.
Segundo exames do Instituto
Adolfo Lutz, eles continham
quantidade de hormônio (medroxiprogesterona) até 25%
menor do que a prevista, o que
diminui a eficácia para a prevenção da gravidez.
Segundo o presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello,
exames preliminares detectaram também problemas em um
quarto lote, como quantidade
reduzida de hormônios e dificuldade de dissolução do medicamento, fazendo com que as
mulheres recebessem uma dose menor do princípio ativo.
Como diversos lotes são fabricados de uma vez, Raposo de
Mello afirma que o problema,
que chegou à Secretaria de Saúde de São Paulo por meio de denúncia, pode ter se repetido.
A Anvisa e o Centro de Vigilância Sanitária solicitaram à
fabricante que informe quantas
doses estão no mercado. Na
quinta, o governo de SP estimou que 200 mil mulheres podem ter usado ou estar usando
os lotes interditados.
Na segunda-feira, equipes
dos dois órgãos irão vistoriar a
fábrica da empresa. A depender
do resultado, segundo Raposo,
a empresa poderá ser alvo de
processo que pode resultar em
multa de até R$ 1,5 milhão ou
até mesmo interdição.
Segundo ele, os três lotes
analisados pelo Instituto Adolfo Lutz já foram proibidos. Os
outros passarão por novos exames nos próximos 30 dias e, dependendo do resultado, poderão ser liberados ou proibidos.
Nesse período, as farmácias
não poderão disponibilizar o
produto. A retirada do mercado
dos lotes já proibidos pela vigilância sanitária é de responsabilidade do fabricante.
Orientações
As mulheres que usam o anticoncepcional há mais de quatro
semanas foram orientadas pela
Anvisa a procurar um médico
para realizarem testes de gravidez e utilizarem preservativos
até o resultado do exame. As
outras também devem procurar um profissional que indique
outro método contraceptivo.
A ginecologista e obstetra
Carolina Ambrogini, da Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), explica que a formulação do medicamento -somente progesterona- faz com
que seja usado por um grande
número de mulheres. "Seu uso
é simples, e pode ser consumido até por mulheres que estão
amamentando."
Aplicado a cada 90 dias, ele
faz parte do Farmácia Popular,
do Ministério da Saúde, que
vende remédios a baixo custo
(R$ 6,70). Nas farmácias e drogarias, custa de R$ 10 a R$ 15.
O Contracep foi registrado
na Anvisa em 1998 e teve registro renovado em 2003, com validade até 2008.
Colaboraram MÁRCIO PINHO, da Reportagem
Local e JULLIANE SILVEIRA
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