|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Stocco Neto, advogado do pragmatismo
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
José Stocco Neto se orgulhava do pragmatismo de
suas conquistas, que lhe garantiram um escritório de
advocacia, uma grande fazenda e glamour -ao menos
o dos hotéis, bistrôs e arquitetura de Paris, cidade predileta e destino freqüente.
O neto de italianos nasceu
em Catanduva (SP), formou-se na segunda turma de direito da PUC e defendeu, horas a fio, a vida inteira, causas
familiares no escritório. Detestava feriados -pois "atrasavam todo o trabalho".
Diz a família que certa vez
um espanhol dono de terrenos em Catanduva lhe pediu
que organizasse um loteamento. Três anos depois e já
pronto, o empreendimento
tinha até igreja funcionando.
Frescas eram as lembranças do CPOR paulista, nos
anos 1940, quando era oficial
"montado sobre o dorso deste amigo, o cavalo que, altivo,
nos conduz", como versa a
canção da cavalaria.
Depois de aposentado,
transferiu, aos poucos, a vida
para a fazenda. Lá comprou
livros, estudou agronomia e
plantou seringueiras para
produzir borracha - tendo já
feito até contatos comerciais
na Malásia, pessoalmente.
Conhecia cinco continentes
e contava os países a visitar.
O tango era uma paixão dividida com a companheira,
por quem se apaixonara depois dos 70 anos. Seu último
pedido, repetia sempre, era
ser cremado ao som de
"Adiós Nonino", a melancólica canção de Astor Piazzola.
Tinha três filhos e quatro
netos. Morreu no dia 1º de
novembro, aos 79, provavelmente de embolia, enquanto
o avião pousava no solo de
sua cidade preferida, Paris.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: ESPECIAL Imigração japonesa chega a 2º século com novas feições Índice
|