São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Stocco Neto, advogado do pragmatismo

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

José Stocco Neto se orgulhava do pragmatismo de suas conquistas, que lhe garantiram um escritório de advocacia, uma grande fazenda e glamour -ao menos o dos hotéis, bistrôs e arquitetura de Paris, cidade predileta e destino freqüente.
O neto de italianos nasceu em Catanduva (SP), formou-se na segunda turma de direito da PUC e defendeu, horas a fio, a vida inteira, causas familiares no escritório. Detestava feriados -pois "atrasavam todo o trabalho".
Diz a família que certa vez um espanhol dono de terrenos em Catanduva lhe pediu que organizasse um loteamento. Três anos depois e já pronto, o empreendimento tinha até igreja funcionando.
Frescas eram as lembranças do CPOR paulista, nos anos 1940, quando era oficial "montado sobre o dorso deste amigo, o cavalo que, altivo, nos conduz", como versa a canção da cavalaria.
Depois de aposentado, transferiu, aos poucos, a vida para a fazenda. Lá comprou livros, estudou agronomia e plantou seringueiras para produzir borracha - tendo já feito até contatos comerciais na Malásia, pessoalmente. Conhecia cinco continentes e contava os países a visitar.
O tango era uma paixão dividida com a companheira, por quem se apaixonara depois dos 70 anos. Seu último pedido, repetia sempre, era ser cremado ao som de "Adiós Nonino", a melancólica canção de Astor Piazzola.
Tinha três filhos e quatro netos. Morreu no dia 1º de novembro, aos 79, provavelmente de embolia, enquanto o avião pousava no solo de sua cidade preferida, Paris.


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