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Jovens lotam praça atrás de um Japão imaginário
Fanáticos por quadrinhos e desenhos animados, eles se sentem japoneses
Vindos de vários Estados,
eles se vestem como os
personagens que adoram,
namoram orientais e
aprendem a falar japonês
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde que os desenhos animados japoneses, como "Cavaleiros do Zodíaco", começaram
a fazer sucesso no Brasil, na década de 90, o interesse pela cultura japonesa tem aumentado.
O bairro da Liberdade se tornou o paraíso dos "otakus", como são chamados os aficionados por animês e mangás ( desenhos animados e quadrinhos
japoneses). Eles podem ser vistos aos fins de semana na estação Liberdade, muitas vezes
vestidos como seus personagens preferidos.
Alguns vêm de longe, como o
baiano Ricardo Silva, que organiza, em Salvador, o festival
Anipólitan, que anualmente
reúne "otakus" em um dos colégios da cidade.
"Já vim pra São Paulo umas
cinco vezes pra conferir a cultura japonesa, e sempre passo
pela Liberdade." Mas Ricardo
reclama dos preços. "Está mais
barato importar pela internet.
O mesmo boneco de "Samurai
X" que eu comprei na internet
por R$ 20, na Liberdade é vendido por R$ 60", diz.
A sergipana Mai Soto também sempre visita a Liberdade
quando está em São Paulo. "É
um bairro adorável", diz ela,
que é vocalista da Baka Sentai,
banda cujo repertório é formado exclusivamente por covers
de canções de animês.
Mineira e descendente de
italianos, Natália Ximene, 20,
mora há oito anos em São Paulo. Mas diz que se sente japonesa. Ela aprendeu a falar japonês
e tem aulas de kendo, a arte da
espada dos samurais. Até hoje,
todos os namorados da moça
eram nikkeis. "Só me atrai a beleza oriental", diz Natália, que
está "quase noiva" de um sansei
(neto de japoneses).
Moradora do Jardim Aeroporto, ela vai à Liberdade pelo
menos uma vez por semana.
"Compro comida japonesa,
pois aqui é mais barato. Quando tenho um dinheiro a mais,
compro mangás", diz.
"Na Liberdade, eu me sinto
no Japão", diz Natália. "Meu
sonho é um dia conhecer o Japão, então aqui tenho a sensação de estar em casa, é onde me
sinto mais feliz."
(GQ)
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