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Agendamento por site é falho e tumultua Hospital do Servidor
Usuários têm problemas para marcar consultas pelo sistema, criado em 2007 para evitar filas, mas espera pode levar meses
Paciente diz ter levado 8 meses para marcar consulta; aposentado descobriu, na hora, que consulta marcada não havia sido registrada
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A marcação de consultas no
Hospital do Servidor Público
Estadual, em São Paulo, é hoje
um desafio. A internet, ferramenta disponibilizada no ano
passado para agendamentos
antes feitos, em sua maioria, no
próprio hospital, faz com que
usuários esperem meses até
conseguir marcar. Traz dificuldades para quem não navega na
internet -principalmente idosos- e transtornos aos que descobrem, na hora da consulta,
que ela não está agendada.
Em visita ao hospital, a Folha encontrou vários pacientes
nessas situações. "Fiquei oito
meses até conseguir marcar
uma consulta com [um] cardiologista para mim e para minha
mãe, pela internet. Entrava dia
sim, dia não. Sempre aparecia
que não havia vagas", conta
Scheila Santos Raimundo, 46.
Ela não tem internet em casa e
acessa a rede apenas em seu
trabalho, no Poupatempo, no
centro de São Paulo.
Lá, segundo Scheila, atendentes que lidam com a internet ficam a postos às 18h55 para tentar marcar consultas para
os outros funcionários. Isso
porque o sistema de marcação
pela internet é disponibilizado
sempre às 19h, de segunda a
sexta. Os usuários têm alguns
minutos para conseguir marcar
sua consulta ou retorno para
dali a alguns dias. Muitos reclamam que, às 19h15, já não há
mais nenhuma vaga disponível.
Além disso, quem consegue
marcar não tem certeza de que
será atendido. "Fiquei uns 15
dias para agendar geriatra e
gastro para a minha mãe. No
dia marcado, vimos de Osasco e
não constava em nenhum lugar
esse agendamento. A situação
está crítica aqui", diz o aposentado Valcir Cabral.
Hospital
O hospital é o principal centro de atendimento do Iamspe
(Instituto de Assistência Médica ao Servidor Estadual) e está
ligado à Secretaria Estadual da
Gestão Pública. O instituto
atende 1,3 milhão de usuários
por meio do hospital, postos de
saúde e convênios com hospitais no interior.
Segundo a superintendência,
a dificuldade para marcar acontece, entre outros motivos, porque a internet não se integra
com os outros sistemas -por
telefone e pessoalmente, nos
guichês, método que antes provocava enormes filas.
Para a Amiamspe, a associação médica do instituto, caso
ainda estivessem no hospital os
204 funcionários demitidos em
2007 -entre eles 64 médicos
aposentados- o atendimento
poderia estar melhor. Novecentos médicos atendem hoje.
Com dificuldades para marcar consultas, muitos usuários
recorrem ao PS e "incham" o
serviço. Na terça-feira, não havia pacientes em estado grave
esperando atendimento, mas
outros aguardavam pelo menos
duas horas e se queixavam de
que apenas dois médicos atendiam. A funcionária pública Regina Maria de Assis, 40, que
acompanhava a mãe, disse que
"a demora é sempre grande" e
que já ficou no local das 6h às
16h para consultar exames.
Alguns precisam de especialistas. Uma professora que preferiu não se identificar disse
que, havia dias, tinha problema
de memória, e que só estava ali
por não conseguir marcar com
um neurologista após tentar
por todos os meios possíveis.
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