São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Agendamento por site é falho e tumultua Hospital do Servidor

Usuários têm problemas para marcar consultas pelo sistema, criado em 2007 para evitar filas, mas espera pode levar meses

Paciente diz ter levado 8 meses para marcar consulta; aposentado descobriu, na hora, que consulta marcada não havia sido registrada

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A marcação de consultas no Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, é hoje um desafio. A internet, ferramenta disponibilizada no ano passado para agendamentos antes feitos, em sua maioria, no próprio hospital, faz com que usuários esperem meses até conseguir marcar. Traz dificuldades para quem não navega na internet -principalmente idosos- e transtornos aos que descobrem, na hora da consulta, que ela não está agendada.
Em visita ao hospital, a Folha encontrou vários pacientes nessas situações. "Fiquei oito meses até conseguir marcar uma consulta com [um] cardiologista para mim e para minha mãe, pela internet. Entrava dia sim, dia não. Sempre aparecia que não havia vagas", conta Scheila Santos Raimundo, 46.
Ela não tem internet em casa e acessa a rede apenas em seu trabalho, no Poupatempo, no centro de São Paulo.
Lá, segundo Scheila, atendentes que lidam com a internet ficam a postos às 18h55 para tentar marcar consultas para os outros funcionários. Isso porque o sistema de marcação pela internet é disponibilizado sempre às 19h, de segunda a sexta. Os usuários têm alguns minutos para conseguir marcar sua consulta ou retorno para dali a alguns dias. Muitos reclamam que, às 19h15, já não há mais nenhuma vaga disponível.
Além disso, quem consegue marcar não tem certeza de que será atendido. "Fiquei uns 15 dias para agendar geriatra e gastro para a minha mãe. No dia marcado, vimos de Osasco e não constava em nenhum lugar esse agendamento. A situação está crítica aqui", diz o aposentado Valcir Cabral.

Hospital
O hospital é o principal centro de atendimento do Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Estadual) e está ligado à Secretaria Estadual da Gestão Pública. O instituto atende 1,3 milhão de usuários por meio do hospital, postos de saúde e convênios com hospitais no interior.
Segundo a superintendência, a dificuldade para marcar acontece, entre outros motivos, porque a internet não se integra com os outros sistemas -por telefone e pessoalmente, nos guichês, método que antes provocava enormes filas.
Para a Amiamspe, a associação médica do instituto, caso ainda estivessem no hospital os 204 funcionários demitidos em 2007 -entre eles 64 médicos aposentados- o atendimento poderia estar melhor. Novecentos médicos atendem hoje.
Com dificuldades para marcar consultas, muitos usuários recorrem ao PS e "incham" o serviço. Na terça-feira, não havia pacientes em estado grave esperando atendimento, mas outros aguardavam pelo menos duas horas e se queixavam de que apenas dois médicos atendiam. A funcionária pública Regina Maria de Assis, 40, que acompanhava a mãe, disse que "a demora é sempre grande" e que já ficou no local das 6h às 16h para consultar exames.
Alguns precisam de especialistas. Uma professora que preferiu não se identificar disse que, havia dias, tinha problema de memória, e que só estava ali por não conseguir marcar com um neurologista após tentar por todos os meios possíveis.


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