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Aluno disse que prova vazou, diz professor
Docente de um colégio de PE diz que ele e dois colegas foram procurados uma hora antes da aplicação da prova
Diretora do colégio também relata que alunos falavam sobre tema semelhante ao aplicado; PF investiga
FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
Um professor do colégio
Geo, de Petrolina (a 780 km
de Recife, PE), relata que foi
procurado, uma hora antes
da aplicação do Enem, por
alunos que diziam saber o tema da redação da prova.
Ele conta que ficou intrigado com o interesse repentino
de um grupo de estudantes
no tema "trabalho e escravidão" e ouviu deles que o tema havia vazado.
De acordo com a diretora
do colégio, Simone Cerqueira
Ramos, um aluno chegou a
pedir a um professor que avaliasse rascunho de redação
sobre o assunto.
"Trabalho escravo" foi o título de um dos textos de
apoio da redação, cujo tema
foi "O trabalho na construção da dignidade humana".
Segundo o professor de
português do colégio Geo
Marcos Antonio Freire de
Paula, o assédio dos estudantes começou uma hora
antes da prova, numa base
de apoio montada pela escola no local do exame. "Tínhamos três professores e todos
foram questionados", diz.
Os alunos disseram que o
vazamento havia ocorrido
em São Raimundo Nonato
(PI), a 300 km de Petrolina.
"Essa foi a conversa", afirmou Freire de Paula. "Um colega teria avisado outro por
telefone e o boato correu."
Coordenadora de aplicação do Enem em São Raimundo Nonato, Rosa Maria
de Oliveira, 55, afirma que
houve rigor na fiscalização.
Ela diz que os envelopes com
as provas só foram abertos 15
minutos antes da aplicação e
que os alunos tiveram de retirar a bateria dos celulares.
Oliveira define como "trote" uma denúncia do suposto
vazamento, feita em comentário anônimo em um site na
noite de domingo, que esquentou a onda de rumores.
Procurado, o MEC diz que
não tem informações sobre a
ocorrência de vazamentos.
O professor diz que se assustou quando soube o tema
da redação. "Pensei que vazou realmente, que não podia ser uma coincidência."
Para a diretora do colégio,
"não existe coincidência envolvendo 30 alunos e três
professores. Mas não afirmo
que houve vazamento, porque não tenho prova."
A Polícia Federal de Juazeiro (BA) ouvirá os envolvidos para investigar o caso.
Se as pessoas confirmarem os relatos, a PF vai apurar como o vazamento teria
ocorrido, quem estaria envolvido e se alguém recebeu
vantagem por isso. "Pode se
caracterizar fraude, peculato
ou outro crime, dependendo
das circunstâncias", diz o delegado Alexandre Lucena.
Com RICARDO GALLO , de São Paulo,
e a Sucursal de Brasília
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