São Paulo, quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Aluno disse que prova vazou, diz professor

Docente de um colégio de PE diz que ele e dois colegas foram procurados uma hora antes da aplicação da prova

Diretora do colégio também relata que alunos falavam sobre tema semelhante ao aplicado; PF investiga

FÁBIO GUIBU
DE RECIFE

Um professor do colégio Geo, de Petrolina (a 780 km de Recife, PE), relata que foi procurado, uma hora antes da aplicação do Enem, por alunos que diziam saber o tema da redação da prova.
Ele conta que ficou intrigado com o interesse repentino de um grupo de estudantes no tema "trabalho e escravidão" e ouviu deles que o tema havia vazado.
De acordo com a diretora do colégio, Simone Cerqueira Ramos, um aluno chegou a pedir a um professor que avaliasse rascunho de redação sobre o assunto.
"Trabalho escravo" foi o título de um dos textos de apoio da redação, cujo tema foi "O trabalho na construção da dignidade humana".
Segundo o professor de português do colégio Geo Marcos Antonio Freire de Paula, o assédio dos estudantes começou uma hora antes da prova, numa base de apoio montada pela escola no local do exame. "Tínhamos três professores e todos foram questionados", diz.
Os alunos disseram que o vazamento havia ocorrido em São Raimundo Nonato (PI), a 300 km de Petrolina.
"Essa foi a conversa", afirmou Freire de Paula. "Um colega teria avisado outro por telefone e o boato correu."
Coordenadora de aplicação do Enem em São Raimundo Nonato, Rosa Maria de Oliveira, 55, afirma que houve rigor na fiscalização.
Ela diz que os envelopes com as provas só foram abertos 15 minutos antes da aplicação e que os alunos tiveram de retirar a bateria dos celulares.
Oliveira define como "trote" uma denúncia do suposto vazamento, feita em comentário anônimo em um site na noite de domingo, que esquentou a onda de rumores.
Procurado, o MEC diz que não tem informações sobre a ocorrência de vazamentos.
O professor diz que se assustou quando soube o tema da redação. "Pensei que vazou realmente, que não podia ser uma coincidência."
Para a diretora do colégio, "não existe coincidência envolvendo 30 alunos e três professores. Mas não afirmo que houve vazamento, porque não tenho prova."
A Polícia Federal de Juazeiro (BA) ouvirá os envolvidos para investigar o caso.
Se as pessoas confirmarem os relatos, a PF vai apurar como o vazamento teria ocorrido, quem estaria envolvido e se alguém recebeu vantagem por isso. "Pode se caracterizar fraude, peculato ou outro crime, dependendo das circunstâncias", diz o delegado Alexandre Lucena.


Com RICARDO GALLO , de São Paulo, e a Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Justiça agora proíbe MEC de divulgar gabarito do Enem
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.