São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

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"Achei que fosse um caminhão passando"

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

O tremor foi sentido também em regiões próximas a Caraíbas. A pouco mais de dois quilômetros dali, em Olhos d'água, o agricultor José Rodrigues, 56, disse que o tremor foi tão forte que chegou a rachar algumas casas da localidade. Ele conta que passou por Caraíbas para conferir os estragos de perto e viu que não sobrou quase nada. "Não dá para morar mais lá."
Rodrigues lembra que há quatro meses vem sentido leves tremores de terra. "Até um geólogo foi para Caraíbas porque o tremor não parava."
Também moradora de Olhos d'água, Maria Jovem, 54, estava dormindo quando a casa começou a tremer. "Eu fiquei muito assustada. O terremoto demorou uns 15 segundos."
Em Itacarambi, Paulo Afonso de Melo, 46, dono da Pousada Camaleão, tomou um susto. "Até algumas camas que são de alvenaria se mexeram".
Já Maria Soares, 60, conta que viu a janela batendo. "Eu estava cochilando, acordei com o barulho, mas nem imaginei que fosse um terremoto."
A cerca de 20 quilômetros dali, em Fabião, o morador José Santana Alves, 50, disse que foi sua mulher quem o acordou para falar que a cama estava tremendo. "A janela batia forte, parecia que o vidro ia quebrar."
Alguns moradores da cidade, entretanto, nem notaram o terremoto. "Só descobri hoje o que tinha acontecido. Achei que fosse um caminhão passando na rua. Estava deitada e não levantei para conferir, apesar de ter visto as janelas balançarem", disse a recepcionista Conceição Macedo.
A agente de saúde Maria Aparecida Duraes só acordou depois que o tremor acabou. "Não vi nada."

Acesso ruim
A distância e a comunicação precários dificultaram os trabalhos da Cedec (Coordenadoria Estadual da Defesa Civil) de Minas Gerais -impedindo a chegada das equipes de Belo Horizonte. O atendimento às vítimas foi feito pela equipe da Defesa Civil de Miraí.
Às 18h de ontem, a informação era que os comandos da Defesa Civil e dos bombeiros já estavam na cidade, mas havia dificuldade de contato com os oficiais da PM e do Corpo de Bombeiros, responsáveis pelo gerenciamento do desastre.
Caraíbas é uma das regiões mais pobres de Minas Gerais. Segundo o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 23% da população (17.626 habitantes) vive na zona rural. Neste ano, Itacarambi compõe a lista dos municípios em estado de emergência por causa da seca.
(AFRA BALAZINA, MARIA CAROLINA NOMURA E PAULO PEIXOTO)

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