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"Achei que fosse um caminhão passando"
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
O tremor foi sentido também
em regiões próximas a Caraíbas. A pouco mais de dois quilômetros dali, em Olhos d'água, o
agricultor José Rodrigues, 56,
disse que o tremor foi tão forte
que chegou a rachar algumas
casas da localidade. Ele conta
que passou por Caraíbas para
conferir os estragos de perto e
viu que não sobrou quase nada.
"Não dá para morar mais lá."
Rodrigues lembra que há
quatro meses vem sentido leves
tremores de terra. "Até um geólogo foi para Caraíbas porque o
tremor não parava."
Também moradora de Olhos
d'água, Maria Jovem, 54, estava
dormindo quando a casa começou a tremer. "Eu fiquei muito
assustada. O terremoto demorou uns 15 segundos."
Em Itacarambi, Paulo Afonso de Melo, 46, dono da Pousada Camaleão, tomou um susto.
"Até algumas camas que são de
alvenaria se mexeram".
Já Maria Soares, 60, conta
que viu a janela batendo. "Eu
estava cochilando, acordei com
o barulho, mas nem imaginei
que fosse um terremoto."
A cerca de 20 quilômetros
dali, em Fabião, o morador José Santana Alves, 50, disse que
foi sua mulher quem o acordou
para falar que a cama estava
tremendo. "A janela batia forte,
parecia que o vidro ia quebrar."
Alguns moradores da cidade,
entretanto, nem notaram o terremoto. "Só descobri hoje o que
tinha acontecido. Achei que
fosse um caminhão passando
na rua. Estava deitada e não levantei para conferir, apesar de
ter visto as janelas balançarem", disse a recepcionista
Conceição Macedo.
A agente de saúde Maria
Aparecida Duraes só acordou
depois que o tremor acabou.
"Não vi nada."
Acesso ruim
A distância e a comunicação
precários dificultaram os trabalhos da Cedec (Coordenadoria Estadual da Defesa Civil) de
Minas Gerais -impedindo a
chegada das equipes de Belo
Horizonte. O atendimento às
vítimas foi feito pela equipe da
Defesa Civil de Miraí.
Às 18h de ontem, a informação era que os comandos da Defesa Civil e dos bombeiros já estavam na cidade, mas havia dificuldade de contato com os oficiais da PM e do Corpo de Bombeiros, responsáveis pelo gerenciamento do desastre.
Caraíbas é uma das regiões
mais pobres de Minas Gerais.
Segundo o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 23% da população
(17.626 habitantes) vive na zona rural. Neste ano, Itacarambi
compõe a lista dos municípios
em estado de emergência por
causa da seca.
(AFRA BALAZINA, MARIA CAROLINA
NOMURA E PAULO PEIXOTO)
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