São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

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OAB-SP pede à PF investigação sobre fraude

Houve vazamento de questões inteiras da prova, que seria realizada ontem por 25 mil pessoas e teve que ser cancelada

Suspeita é que questões tenham sido divulgadas por um professor de cursinho de direito; ainda não há data para a realização do exame

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos duas questões integrais do exame da OAB-SP (Ordem de Advogados do Brasil de São Paulo) teriam sido divulgadas por um professor de cursinho de direito -segundo a própria OAB- o que provocou o cancelamento da primeira fase da prova. Cerca de 25 mil bacharéis em direito fariam o 134º exame da Ordem em todo o Estado ontem.
A OAB-SP não informou o nome do cursinho ou do professor. "Estamos preservando os nomes para passar para a Polícia Federal e não atrapalhar as investigações", disse o presidente da seção paulista da OAB, Luiz Flávio Borges D'Urso.
Ele afirmou que ainda não há previsão de uma nova data para a prova da primeira fase (de múltipla escolha), e que o exame será realizado apenas no início do próximo ano.
Com isso, a segunda fase (discursiva), que deveria ocorrer em 20 de janeiro, também precisará ser adiada.
"A logística é muito complicada, pois a prova é feita em todo o Estado. Precisamos verificar quando os locais onde a prova seria feita estão disponíveis", disse ele.
O cancelamento da prova, segundo D'Urso, "traz uma série de transtornos operacionais". "Mas ainda bem que foi descoberto antes da realização do exame. Foi possível avisar cerca de 90% dos candidatos."
A denúncia foi recebida no final da tarde de anteontem por telefone pelo próprio presidente da OAB-SP. As informações foram passadas a Brás Martins Neto, presidente da Comissão de Estágio e Exame da Ordem, que confirmou a presença de duas questões com texto integral na prova. Outros trechos teriam sido divulgados, mas ainda não há confirmação se faziam parte do exame.
Para a elaboração da prova, uma comissão reúne questões formuladas por professores e advogados em um banco de dados, de onde são selecionadas pessoalmente pelo presidente da comissão as cem perguntas que integrarão o exame.

Vunesp
Com dez dias de antecedência, é realizada uma reunião com um representante da Vunesp (Fundação para o Vestibular da Unesp), responsável pela impressão e distribuição em todo o Estado.
D'Urso disse já ter contatado a Procuradoria Geral da República e solicitará a instauração de inquérito pela PF.
A reportagem tentou ouvir a Vunesp, sem sucesso.
Neste ano, já foi cancelado o concurso da seccional de Goiás por vazamento de informações da prova prático-profissional. Na ocasião, a Polícia Federal prendeu 11 pessoas suspeitas de fraude. (CRISTIANE CAPUCHINHO e AFRA BALAZINA)


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