São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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AGNES AYRES PEREIRA (1925-2008)

A grande soprano falava baixinho

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Zuleika, moradora há mais de 20 anos do Copan, no centro de SP, tinha até a semana passada Agnes Ayres como vizinha de porta. Agnes foi uma das maiores cantoras líricas do país. Na terça passada, morreu aos 83, rouca.
Gerente administrativa do edifício, Zuleika não teve a sorte de ouvir a voz original da soprano, a não ser em disco. "Ela perdeu a voz, falava baixinho assim", conta, imitando a rouquidão da amiga.
Até março de 1991, quando se aposentou, Agnes cantou no coral do Teatro Municipal de SP. Havia entrado no grupo em dezembro de 1980.
As primeiras aulas de canto foram em 1941. Descoberto o talento, entrou para o elenco da rádio Cultura e, depois, para o da rádio Gazeta.
Após temporada no teatro Santana, estreou no Municipal interpretando Gilda na ópera "Rigoletto", de Verdi, em 1946. A última interpretação no teatro, disponível em CD, foi em 1973, em "Fosca", de Carlos Gomes. Na Itália, onde viveu, apresentou-se com ilustres como Tito Gobbi e Giuseppe di Stefano.
Na segunda passada, Zuleika planejou trocar o carpete da sala e pediu que a vizinha abrigasse uma santa durante a reforma. "Ela ficou muito feliz. A santa vai de casa em casa, e ela nunca a tinha recebido." Agnes morreu no dia seguinte, após um infarto. Não teve filhos.
Ontem, em missa de sétimo dia repleta de cantoras, o sobrinho lamentou que a tia não fosse mais reconhecida.

obituario@grupofolha.com.br


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