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AGNES AYRES PEREIRA (1925-2008)
A grande soprano falava baixinho
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Zuleika, moradora há mais
de 20 anos do Copan, no centro de SP, tinha até a semana
passada Agnes Ayres como
vizinha de porta. Agnes foi
uma das maiores cantoras líricas do país. Na terça passada, morreu aos 83, rouca.
Gerente administrativa do
edifício, Zuleika não teve a
sorte de ouvir a voz original
da soprano, a não ser em disco. "Ela perdeu a voz, falava
baixinho assim", conta, imitando a rouquidão da amiga.
Até março de 1991, quando
se aposentou, Agnes cantou
no coral do Teatro Municipal
de SP. Havia entrado no grupo em dezembro de 1980.
As primeiras aulas de canto foram em 1941. Descoberto o talento, entrou para o
elenco da rádio Cultura e, depois, para o da rádio Gazeta.
Após temporada no teatro
Santana, estreou no Municipal interpretando Gilda na
ópera "Rigoletto", de Verdi,
em 1946. A última interpretação no teatro, disponível
em CD, foi em 1973, em "Fosca", de Carlos Gomes. Na Itália, onde viveu, apresentou-se com ilustres como Tito
Gobbi e Giuseppe di Stefano.
Na segunda passada, Zuleika planejou trocar o carpete da sala e pediu que a vizinha abrigasse uma santa
durante a reforma. "Ela ficou
muito feliz. A santa vai de casa em casa, e ela nunca a tinha recebido." Agnes morreu no dia seguinte, após um
infarto. Não teve filhos.
Ontem, em missa de sétimo dia repleta de cantoras, o
sobrinho lamentou que a tia
não fosse mais reconhecida.
obituario@grupofolha.com.br
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