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Poluição em bar cai 80% após lei antifumo
Estudo do Incor em 710 bares, boates e restaurantes mostra que, após 3 meses de restrição, índice passou de 5 para 1
Pesquisa com 400 garçons -metade deles fumante-constatou redução de 35% no nível médio de monóxido de carbono no ar expelido
DA REPORTAGEM LOCAL
Passados exatos quatro meses da vigência da lei antifumo
de São Paulo, um estudo do Instituto do Coração do Hospital
das Clínicas, inédito no Brasil,
segundo a Secretaria da Saúde,
revela que a proibição reduziu
em 80% a concentração de monóxido de carbono nos ambientes fechados.
O índice do poluente em 710
bares, boates e restaurantes da
capital pesquisados, medido
antes da vigência da lei e três
meses após a restrição, caiu de
5 partes por milhão para apenas 1 parte por milhão.
A medição da poluição ambiental causada pelo cigarro em
lugares parcialmente fechados
e abertos apontou níveis médios de 4 e 3 partes por milhão,
respectivamente, antes de a lei
entrar em vigor. Em três meses,
os mesmos locais apresentaram registros médios de apenas
1 parte por milhão de monóxido de carbono no ambiente.
"Isso significa sair de um período de horas parado em um
túnel congestionado de carros
e ir diretamente para um parque arborizado. Nem nós, que
somos pesquisadores, esperávamos resultados tão bons",
disse Jaqueline Scholz Issa,
cardiologista do Incor e coordenadora da pesquisa.
O levantamento avaliou também 400 garçons que trabalhavam diretamente expostos à fumaça, 200 deles fumantes e a
outra metade não fumante.
O ar expelido por eles antes
da proibição ao fumo, medido
por um aparelho de sopro,
apresentou nível médio de monóxido de carbono de 14 partes
por milhão. Doze semanas depois, a medição foi repetida nos
mesmos garçons voluntários e
a concentração caiu para 9 partes por milhão, redução de 35%.
Os resultados da pesquisa do
Incor, levantada em campo pelos fiscais da Vigilância Sanitária, revelam que as boates, onde
há maior resistência para cumprimento da lei antifumo e que
acumulam mais multas, são os
lugares de maior concentrações de monóxido de carbono.
"Muitas casas noturnas tinham exaustores e deram níveis elevados do poluente, o
que mostra que esse mecanismo não é eficiente", diz Maria
Cristina Megid, chefe da fiscalização da vigilância.
Segundo o Incor, essa pesquisa é a primeira no mundo a
utilizar a variável biológica, o
monóxido de carbono, como
indicador de redução de risco
de exposição ambiental à fumaça do cigarro.
"O risco de um fumante passivo é duas vezes maior do que
o de uma pessoa não exposta ao
cigarro, e o de um fumante é
três vezes maior, então o risco é
muito próximo", disse Issa.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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