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Ex-reitor é acusado no Sul de desviar R$ 63 milhões
Segundo a PF, o valor foi pago pela Ulbra por consultorias não prestadas
No total, 14 pessoas são investigadas por suspeita de estelionato, ocultação de bens e lavagem de dinheiro; advogado do ex-reitor nega
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Investigação da Polícia Federal aponta que ex-dirigentes da
Ulbra (Universidade Luterana
do Brasil) desviaram R$ 63 milhões da instituição por meio
de pagamentos por serviços de
consultoria não prestados.
De acordo com a PF, o esquema era liderado pelo ex-reitor
da universidade Ruben Becker
e envolvia um grupo de contadores que operava empresas de
fachada. Ele e mais 13 pessoas
são investigados por suspeita
de estelionato, ocultação de
bens e lavagem de dinheiro.
Ontem pela manhã, a PF e a
Receita fizeram buscas em 23
imóveis do grupo e apreenderam computadores e documentos sobre a movimentação financeira. Cerca de R$ 120 mil
em espécie foram recolhidos.
De acordo com a PF, os R$ 63
milhões foram pagos por consultorias não prestadas entre
2005 e o início de 2009. Os policiais descobriram que algumas das empresas só existiam
no papel, sendo registradas em
endereços inexistentes.
Uma das operações suspeitas
é um pagamento de R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de
Canoas (região metropolitana
de Porto Alegre), sede da Ulbra,
no final do ano passado. Segundo a PF, após o pagamento,
R$ 5,7 milhões foram sacados
na boca do caixa por pessoas ligadas ao ex-reitor. Um dos saques foi de R$ 2,2 milhões.
A polícia pediu a prisão temporária de Becker e de mais seis
pessoas investigadas -o que foi
negado pela Justiça Federal
por considerar que não havia
risco à investigação.
Outro lado
O advogado de Ruben Becker, Geraldo Moreira, afirma
que todos os pagamentos feitos
pela Ulbra na gestão do ex-reitor foram lançados na contabilidade e se referem a serviços
prestados. Ele nega que Becker
tenha recebido dinheiro desviado por empresas de fachada.
Segundo ele, o pagamento de
R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de Canoas foi para a reativação dos serviços do Hospital
Universitário em 2008.
Um dos maiores conglomerados de educação privada do
país, a Ulbra tem 140 mil alunos
e vive uma crise que envolve a
cobrança de uma dívida bilionária com a Receita e suspeitas
de gestão fraudulenta no período em que Becker foi reitor.
O fisco cobra R$ 3 bilhões em
tributos atrasados desde 2000,
referentes a períodos em que o
governo federal cassou o certificado de entidade filantrópica
que garantia imunidade tributária. A universidade contesta.
O advogado de Becker afirma
que a dívida de R$ 3 bilhões cobrada pela Receita não existe
porque a instituição tem direito a imunidade tributária.
Já a suspeita de fraudes na
gestão derrubou o ex-reitor do
cargo em abril deste ano. No
ano passado, houve interrupção do atendimento nos quatro
hospitais que mantém no Rio
Grande do Sul, por falta de pagamento de pessoal.
Desde 2008, por determinação da Justiça, as contas da universidade são submetidas a
uma auditoria externa.
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