São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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"Depois dos gays, homofóbicos saíram do armário"

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO

Liderança do movimento gay no Brasil, Toni Reis, presidente da ABGLT, associação que congrega os principais grupos de defesa dos homossexuais, vê as agressões na avenida Paulista de uma outra perspectiva.
Depois dos gays e lésbicas, agora são os homofóbicos que saíram do armário -e decidiram canalizar a intolerância contra homossexuais por meio da violência física.

 

Folha - Agressões a homossexuais têm aumentado?
Toni Reis -
Convivemos com isso diariamente. Agora é que as pessoas têm coragem de denunciar. As vítimas estão saindo do silêncio e têm menos medo.

A que atribui essa violência?
A diferença agora é que os homofóbicos saíram do armário. Depois das eleições deste ano vimos uma onda de preconceito contra gays, nordestinos e negros.

Mas a aversão a homossexuais sempre existiu.
Até a década de 90 éramos tratados como doentes. Depois, ficou politicamente incorreto falar mal da homossexualidade, mas a questão do pecado, da doença, do fora da lei ficou enrustida. As pessoas se animaram a falar dos seus preconceitos e exercê-los. As discussões do casamento gay e da criminalização da homofobia contribuíram com esse preconceito.

O que pode ser feito?
Espero que essas imagens consigam sensibilizar as autoridades para a criminalização da homofobia.

Falta punição aos agressores?
As pessoas acham que a homofobia é normal, que é briga de adolescente.

Por que a avenida Paulista, simbólica com a parada gay?
É a avenida mais movimentada do Brasil e possivelmente a mais filmada, mas essa violência ocorre em todos os becos do país. A Paulista tem mais visibilidade e vira notícia mais facilmente.


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