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BARBARA GANCIA
Humorista faz esquete premonitório
Nos EUA, George Carlin é
tido como ícone. Por estas
bandas, o humorista, escritor,
cantor e ator (ele fez o clérigo louco por publicidade de "Dogma") é
praticamente desconhecido.
Assim como outros mitos da
contracultura norte-americana,
tipo Lenny Bruce ou o publisher
da "Hustler", Larry Flynt, Carlin
também adora testar limites da 1ª
Emenda, aquela, você sabe, que
fala da liberdade de expressão.
Aos 62 anos, ele mais parece um
hippie de fila de FGTS: meio careca, cabelos e barba brancos e eterno rabo de cavalo.
Mas está longe da fila da aposentadoria. Seus shows de humor
continuam a lotar teatros e seus
livros, vira e mexe, aparecem na
lista dos mais vendidos do "The
New York Times".
Outro dia recebi o CD de um
show que Carlin fez em 1999 -é
importante que o leitor guarde essa data em mente.
Um dos esquetes chama-se "Segurança em Aeroportos". Fiquei
pasma quando ouvi e gostaria de
compartilhar do conteúdo com o
nobre leitor. Sinta só:
"A segurança nos aeroportos
me irrita. Sujeitos com QIs de dois
dígitos, e salários de três, insistem
em vasculhar sua mala. Eles não
sabem que os terroristas já conhecem o procedimento e deixaram
as bombas em casa? (...)"
"A inspeção a que somos submetidos antes de entrar no avião
não tem lógica. Eles não deixam
você embarcar com armas, mas
com faca ou estilete, tudo bem."
"Aliás, sinta-se livre para embarcar com uma tesoura, um picador de gelo e até uma garrafa
de uísque quebrada. Contanto
que sua mala de mão caiba debaixo do assento ou no compartimento acima da cabeça, ninguém
irá reclamar."
"E, se você não conseguiu embarcar com seu revólver, relaxe.
Pouco tempo após a decolagem
eles irão servir a comida e lhe trarão uma faca. É só um talher, mas
dá para matar o piloto com uma
faca de mesa, não dá? (...)"
"Segurança em aeroportos é
uma idéia estúpida, inventada
para fazer brancos se sentirem seguros. É uma ilusão para aplacar
a classe média. As autoridades sabem que é impossível controlá-la
-gente demais tem acesso ao
avião. Mas, mesmo que houvesse
controle total, os terroristas ainda
poderiam tornar a nossa vida
mais interessante. Bastaria que
colocassem antraz nos reservatórios de água ou gás sarin no ar-condicionado."
Pois é, meu caro leitor. Carlin
disse tudo isso dois anos antes do
terrível 11 de setembro.
QUALQUER NOTA
Eterno efeito Orloff
Quando os Citybanks e Santanders da vida começarem a
sentir na carne o tranco da falência argentina, irá sobrar
para nós. Ou seja, quem não
quiser ir direto da gargalhada
ao choro, que engavete desde
já o escárnio velado em relação ao país vizinho.
Pior amigo
Bill Clinton pode ter criado a
filha Chelsea muito bem. Mas
em matéria de animais de estimação, deixa a desejar. Enquanto o ex-presidente e Hillary estavam viajando, o cão
Buddy morreu atropelado. E
o gato Socks foi enxotado. Está morando com a ex-secretária de Bill.
E-mail - barbara@uol.com.br
Internet: www.uol.com.br/barbaragancia/
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