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VERÃO
Cerca de 80% dos cursos d'água estão com concentração de coliformes fecais acima do limite, de acordo com a Cetesb
Esgoto ainda polui praias do litoral norte paulista
DAS REGIONAIS
Por rios e córregos, carregado
pela chuva ou mesmo por vazamentos da rede pública, o esgoto
ainda chega às praias do litoral
norte paulista, onde 5 milhões de
turistas devem circular durante a
temporada em uma faixa de cerca
de 200 km de costa com as piores
condições sanitárias do Estado.
Praias que atraem boa parte do
PIB paulista -caso de Maresias e
Itamambuca- ficam poluídas,
em Juqueí e Barequeçaba o esgoto
está à vista após o refluxo dos canos da Sabesp e alguns rios têm
água proibida para banhos.
Cerca de 80% dos cursos d'água
do litoral norte estão com concentração de coliformes fecais acima
do limite de mil por 100 ml de
água, segundo a Cetesb (agência
ambiental paulista).
Todos eles chegam à orla. O rio
São Francisco, em São Sebastião,
cuja praia do mesmo nome está
imprópria, chegou a 130 mil por
amostra padrão.
Segundo o IBGE (Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), havia no litoral norte,
em 2000, três casas com fossas,
valas e lançamento direto do esgoto em rios e no mar (47.325, no
total) para cada casa ligada à rede
(15.176 moradias). A rede coletora
de efluentes chega a 14% das casas
-no Estado, são 80%.
Somam-se a essa situação os depósitos de lixo: entre novembro e
dezembro de 2003, as quatro prefeituras foram multadas em R$
863 mil pela Cetesb pelos poluentes gerados pelos depósitos.
Os banhistas, porém, parecem
não se preocupar. Segundo pesquisa realizada em 1999 pela Cetesb com 24 mil pessoas que estavam em pontos poluídos, 7,9%
dos entrevistados entram na água
mesmo com a praia imprópria.
Em 1996, o governo do Estado
anunciou investimentos de R$
276 milhões em saneamento no litoral, mas há lugares, como em
Maresias, onde o projeto ainda
não saiu do papel. Mesmo em locais onde a rede está pronta, como em Juqueí, o problema não
terminou -segundo a associação
de moradores, no dia 1º deste
mês, o esgoto jorrou em direção
ao mar durante oito horas.
De acordo com o subprefeito da
Costa Sul de São Sebastião, Vágner Teixeira, o mesmo ocorreu
em Boiçucanga no dia 27 de dezembro. Segundo ele, os moradores, ao perceberem que o esgoto
transbordava e seguia em direção
ao rio, fizeram uma vala de drenagem para evitar a contaminação.
A falta de energia elétrica teria
provocado o transtorno, diz ele.
Em Juqueí, segundo a secretária
da sociedade amigos, Regina Helena de Paiva Ramos, pelo menos
três postos de visita localizados na
rua onde ela mora tiveram vazamento de esgoto no último dia 31.
Segundo ela, o problema, também causado pela falta de energia,
se estendeu até o dia 2.
Em Maresias, que ficou imprópria no final de 2003 após cinco
anos, a comunidade se mobilizou.
"Instalamos uma operação caça-esgoto e encontramos em estabelecimentos e casas mais de 30 tipos de irregularidade", diz Wanderlei Nogueira, 49, presidente da
Sociedade Amigos de Maresias.
Maresias enfrenta a situação
mais crítica. Na luta desde 1991
pela implantação de uma rede de
esgoto, só em 1998, diz Nogueira,
foi feito um acordo com a Sabesp.
A obra, orçada em R$ 20 milhões,
pôde ser viabilizada por meio de
parceria da prefeitura- que arcará com metade do valor, mas arrecadará contribuições dos moradores- e da Sabesp.
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