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CEGONHA DE RISCO
Segundo a ANS, 80% dos partos realizados por operadores são cesáreas; agência tenta pacto para reduzir índice
Plano de saúde é recordista em cesarianas
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
As taxas de cesariana praticadas
por planos e seguros-saúde brasileiros são as mais elevadas do
mundo -79,7%, índice quatro
vezes acima do recomendado pela OMS (Organização Mundial da
Saúde). Considerado mais arriscado, esse tipo de parto é o preferido dos médicos, por ser bem
mais rápido do que o normal
-mas com o mesmo custo.
Os dados são do relatório da
ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar). É a primeira vez
que a agência analisa os números
de parto cesariana no sistema de
saúde suplementar e o impacto
deles nos indicadores nacionais.
A partir desses dados, a ANS pretende pactuar com as 1.540 operadoras de saúde uma redução de
15% na taxa de cesáreas em um
período de três anos.
Segundo a ANS, em 2004 ocorreram 2.552.766 nascimentos.
Desses, 87,9% foram atendidos
pelo SUS, que apresentou uma taxa de 27,53% de cesáreas. Os demais nascimentos (12,1%) ocorreram no setor suplementar de saúde, com um índice de cesarianas
de 79,7%.
A gerente de assistência de produtos da ANS, Karla Santa Cruz
Coelho, afirma que, no próximo
mês, a agência vai reunir as operadoras de saúde e as entidades médicas como a AMB (Associação
Médica Brasileira) e o CFM (Conselho Federal de Medicina), além
de técnicos do Ministério da Saúde e de ONGs que atuam no setor,
para discutir as estratégias para a
redução das cesáreas.
Uma delas é uma espécie de
premiação às operadoras que diminuírem o número de cesarianas. Elas ganharão pontos a mais
em um programa de qualificação
que existe dentro da ANS. Por enquanto, não estão previstas sanções às empresas que descumprirem a meta estabelecida.
Educação médica
Mesmo considerando um "absurdo" os atuais números de cesáreas no sistema suplementar de
saúde, Arlindo de Almeida, presidente da Abramge (entidade representante dos planos de saúde),
diz que esse panorama só será
mudado com educação médica.
"O que podemos fazer é promover palestras sobre os riscos das
cesáreas. Fica difícil vetar o procedimento se o médico está indicando e justificando o ato", afirma
Almeida, médico pediatra.
Segundo ele, hoje as mães são
"seduzidas" pelos médicos a optar pela cesariana mesmo quando
o parto vaginal não implica riscos
à mulher ou ao bebê.
Estudos usados pela ANS na
elaboração do relatório apontam
que a alta prevalência de bebês
prematuros, que geram problemas respiratórios graves, pode estar relacionada, em grande parte,
às cesarianas e às induções do trabalho de parto realizadas antes da
completa maturidade fetal.
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