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Igrejas emergentes se baseiam em SP e atraem jovens com cultos alternativos
Na tentativa de atrair modernos, roqueiros e até atores pornô, vale também divulgação pela internet
MAELI PRADO
RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA
Na sala ampla, repleta de pinturas estilizadas de figuras religiosas, os instrumentos de uma
banda de rock estão a postos e
um telão exibe slides que fazem
referência ao papel de Jesus como revolucionário.
Nas pequenas mesas e sofás,
alojam-se os fiéis: jovens tatuados que usam roupas modernas
e estão atentos às palavras proferidas pelo representante comercial Hudson Parente, o pregador da noite, paramentado
de calça jeans e tênis All Star.
Como tudo no Projeto 242,
igreja localizada no número
900 da rua da Glória, no bairro
da Liberdade em São Paulo, a
pregação passa longe daquelas
dos cultos de templos evangélicos tradicionais.
Criado há dez anos, o projeto
marca a chegada a SP da chamada igreja emergente, movimento que nasceu na Inglaterra, na última década. É uma
vertente que congrega denominações que começaram a oferecer cultos alternativos para jovens, unindo espiritualidade,
cultura e vida em comunhão.
O próprio nome da igreja remete ao espírito de comunidade: é uma referência bíblica ao
versículo 42 do capítulo 2 do livro dos Atos dos Apóstolos: "E
perseveravam na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações". A
divulgação da fé se dá por meio
de sites, fotologs e blogs.
Os fiéis do 242 são jovens de
classe média ou média alta,
muitos deles profissionais de
áreas ligadas à criatividade, como designers, publicitários e
arquitetos. Acreditam nos valores mais estritos da moral cristã, como a virgindade.
Ao mesmo tempo, fazem parte de uma comunidade religiosa na qual não precisam mudar
a linguagem, as roupas ou as
preferências musicais para se
assumirem como cristãos.
Praticam também a chamada
"teologia da inclusão". "Jesus
ama a todos", resume João
Mossadihj, 25, o Jota, tatuagens nos braços, repetindo os
dizeres dos 2.000 adesivos distribuídos na Parada Gay por ele
e outros participantes do Sexxx
Church, grupo que ajuda prostitutas e viciados em pornografia "a encontrarem Deus".
O Sexxx Church não se classifica como mais uma igreja.
Seus 30 missionários são de diversas denominações, todos
com um perfil parecido com o
de Jota, que entrou para o 242
há quatro anos.
Plano divino
É justamente em busca de
quem se "desviou" do cristianismo que iniciativas como o
projeto Toque, uma ONG
apoiada pelo 242, se aproxima
de prostitutas, sem-tetos e
crianças de rua na noite paulistana. "Acreditamos que, só por
estar com eles, resgatamos sua
dignidade", diz Fernanda Pinilha, 26. A integrante do projeto
resume a opinião dos fiéis das
igrejas emergentes sobre o homossexualismo: "Acreditamos
que não é o plano de Deus, mas
não podemos julgar".
Além da 242, há diversas denominações no Brasil voltadas
para as tribos urbanas, como
emos, góticos e metaleiros, entre outros (veja quadro).
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