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PF investiga ação de "megaquadrilha"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal acredita ter
desvendado qual é e como age a
maior organização criminosa especializada em assaltos a aeroportos, bancos e carros-forte do país.
Com integrantes em pelo menos
quatro Estados, essa é a mais estruturada e uma das mais lucrativas já conhecidas, segundo os delegados que investigaram o grupo
nos últimos seis meses.
Até agora, a PF identificou e relacionou ao grupo nove crimes de
98 a 2000 (veja quadro). Só os crimes descobertos e bem-sucedidos teriam rendido mais de R$ 10
milhões.
Há indícios de que a quadrilha
mantenha ligações com o PCC
(Primeiro Comando da Capital),
organização criminosa com origem nos presídios paulistas. Segundo a polícia, membros do
PCC teriam participação em crimes da quadrilha.
Um deles, de acordo com as investigações, seria Airton Ferreira
da Silva, conhecido como Rambo
ou Gordão. Airton, considerado
um criminoso da "elite" da megaquadrilha, está preso. Ele é acusado, entre outros crimes, de ter
participado de um assalto ao aeroporto de Brasília, em julho do
ano passado.
Na ação, quinze homens armados levaram uma carga de 61 kg
de ouro, avaliada em R$ 1 milhão,
de um avião da Vasp que esperava
para decolar.
Apesar de bem equipada e preparada, a quadrilha cometeu um
erro básico: nenhum dos integrantes cobriu o rosto, e o grupo
foi identificado a partir das fitas
do circuito interno de TV.
"Eles acreditavam que, por estar
escuro e por serem de outras cidades, ninguém iria reconhecê-los",
afirma o delegado Antônio Celso
dos Santos, da PF de Brasília. Segundo o delegado, os principais
integrantes do grupo são de São
Paulo e do Paraná.
Durante as apurações daquele
assalto foram ficando claras as conexões entre os dez crimes já
identificados, os modos de ação e
as fontes de informação do grupo.
A Folha consultou, por telefone,
os delegados responsáveis pela
apuração de todos os crimes relacionados pela PF de Brasília. Eles
confirmaram as informações.
Segundo o delegado de Brasília,
que viajou para o Paraná e para
Minas Gerais em busca de pistas
sobre a quadrilha, fazem parte do
grupo cerca de 50 pessoas.
Elas não agem sempre juntas,
mas pessoas-chave do grupo
atuaram em todos os crimes.
A quadrilha, de acordo com a
investigação, tem cerca de dez
chefes, que definem os "serviços"
e convidam outros criminosos, de
acordo com o tipo de delito. Os
chefes fazem o planejamento das
ações e ficam com a maior parte
do dinheiro roubado.
Além de Airton Ferreira da Silva, outros dois chefes já foram
identificados e estão presos, segundo a PF. O mais conhecido é
Marcelo Moacir Borelli. Ele foi reconhecido pelos funcionários do
aeroporto de Brasília pelo assalto
em julho, mas nega participação
no crime.
Àquela altura, Borelli já estava
sendo investigado pelo assalto à
sede da empresa de carros-fortes
da Proforte, em Londrina, e pelo
sequestro do avião da Vasp que
saiu de Foz do Iguaçu com destino a Curitiba, em agosto do ano
passado. Nesse último, não ficou
provada sua participação direta,
mas a PF afirma ter evidências de
que outros dois chefes da quadrilha tenham participado.
O grupo teria oferecido também
algum apoio logístico ao crime,
como a pista de pouso usada pelos sequestradores. O principal
acusado pelo sequestro, em que
R$ 5,5 milhões foram roubados, é
o piloto Gerson Palermo.
Borelli foi preso em 15 de outubro passado, em Curitiba, quando
a PF interceptou um caminhão
em que ele trazia armas compradas no Paraguai.
No apartamento onde ele estava
foi encontrado armamento pesado (rifles, fuzis, uma submetralhadora e quatro granadas), munição antiaérea e 21 fitas de vídeo,
além de evidências do envolvimento do grupo no assalto ao aeroporto de Brasília.
Também foi apreendida no local uma fita de vídeo que mostrava Borelli e duas mulheres torturando a menina M.L., de 3 anos.
Colaborou a Reportagem
Local
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