São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2001

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Professora realiza maratona para obter diagnóstico

DA REPORTAGEM LOCAL

A importância de um diagnóstico correto para a labirintopatia é que, em muitos casos, além de controlar os sintomas (tontura, vertigens, zumbido no ouvido), é possível eliminar a causa da doença. Ou seja, conseguir a cura. Mas isso nem sempre é fácil.
A professora universitária Ana Lúcia Cabral, 44, precisou enfrentar uma maratona por cinco médicos antes de chegar ao veredito correto. Há dois anos, ela sentia muita tontura durante o dia. "Conseguia trabalhar e dirigir, mas vivia zonza e numa espécie de flutuação", diz.
Os sintomas deixavam a professora tensa, com medo de perder o controle e cair. "Fui ficando esgotada até que decidi procurar um médico. Na verdade, cinco."
A peregrinação incluiu um otorrinolaringologista, um clínico, um neurologista, um ortopedista e um otoneurologista.
O otorrinolaringologista disse que ela tinha um problema no labirinto desencadeado por uma compressão na coluna. "Achei estranho porque eu faço alongamento há muitos anos. Então, resolvi procurar um clínico."
O clínico disse que a tontura era causada por um distúrbio do sono e encaminhou a paciente para um neurologista. "Fiz tomografia da cabeça e da coluna e, como o resultado não deu nada, o neuro me dispensou também."
Para eliminar a dúvida com relação à coluna, Ana procurou um ortopedista. O diagnóstico foi de síndrome do pânico, para sua surpresa e de seu analista. "Faço análise há mais de dez anos e meu analista achou aquilo estranho. Pediu para eu não tomar nenhuma atitude antes de investigar melhor o quadro."
Foi na quinta tentativa que, depois de uma batelada de exames, a causa da tontura se revelou. Ana Lúcia tinha uma alteração no metabolismo de açúcar. "Por recomendação médica, parei de comer doces e, desde então, não tive mais os sintomas. Não precisei nem tomar remédio."
A história da "labirintite" de Elay Queiroz Ferreira, 81, aposentada, também teve final feliz. Mas, como Ana Lúcia, seu desfecho demorou. Exatos dez meses, como ela conta.
O motivo é que a primeira tentativa de tratamento não deu certo, apesar do diagnóstico correto: crise de tontura aguda provocada por um trauma cervical.
"Passei quatro dias internada, tomei remédio durante dez meses, mas os sintomas foram apenas controlados. Continuava tendo dificuldade para me locomover porque faltava equilíbrio e me atrapalhava com os degraus", lembra Elay.
A recomendação de um sobrinho para que ela procurasse outro médico mudou a história. "Eu já estava cansada de sentir tontura." Depois de fazer os exames de praxe, veio a conduta certa e o alívio tão almejado.
"O médico fez uns movimentos com a minha cabeça (manobras de reposição) e depois imobilizou meu pescoço com um colar cervical, que usei por dois dias. No final do quinto dia estava bem melhor. Por um tempo ainda andei um pouco devagar. Mas agora estou curada."


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