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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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Quadrilha era dividida em células para evitar que prisão de algum integrante inviabilizasse execução do plano

Grupo de sequestrador "terceirizava" ações

DA REPORTAGEM LOCAL

A quadrilha do sequestrador Pedro Ciechanovicz tinha bases de operações na região de Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, Presidente Prudente e na Grande São Paulo, segundo o Denarc.
Ciechanovicz e seu braço direito Altair Rocha da Lima, o Altair, 37, faziam parte do que a polícia vem chamando de ""célula-mãe", responsável por organizar o sequestro, capturar as vítimas, negociar o resgate e cuidar do cativeiro. Apenas eles sabiam do plano completo em execução.
Abaixo deles estão as outras células, montadas com mão-de-obra ""contratada" na própria região onde atuavam. Os integrantes dessas bases escolhiam vítimas em potencial, pesquisavam seus hábitos e davam apoio no dia do sequestro, como, por exemplo, escoltando o grupo da "célula-mãe" para fora da cidade.
Desse modo, a queda de um membro da base não afetava a execução do plano nem revelava a identidade dos mentores da ação, afirma o delegado Everardo Tanganelli Júnior, do Denarc.
A estrutura montada pelo sequestrador exigia dinheiro. As informações do empresário das Lojas Cem, Roberto Benito Júnior, custaram cerca de US$ 5 mil -valor pago a um ex-funcionário da rede de lojas que está preso.
Além disso, Ciechanovicz e Altair viajavam muito para despistar a polícia. Usavam telefones de lugares diferentes. Nos últimos três dias do sequestro de João Bertin, de acordo com escutas telefônicas, o suposto líder do grupo passou pelo Paraguai, Maringá (PR), Teodoro Sampaio (SP) e Curitiba -onde foi preso.
""Ele dormia de duas a três horas na carroceria de sua picape e continuava viagem. Tudo para dificultar o rastreamento das ligações", afirma o delegado Ivaney Cayres de Souza, do Denarc.

Outros crimes
A quadrilha também é investigada por grandes assaltos, como o roubo de esmeralda do aeroporto de Cumbica, em São Paulo, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Segundo a polícia, o dinheiro do grupo era lavado por doleiros, em esquema parecido com o do traficante Fernandinho Beira-Mar.
O doleiro Osman Hassan Issa, assassinado em novembro do ano passado pela quadrilha, mantinha contas no Líbano para esse fim, de acordo com o Denarc. Ele teria sido morto por sumir com parte do resgate pago por familiares do empresário das Loja Cem.
Por enquanto, não se tem ao certo a dimensão do patrimônio que Ciechanovicz reuniu enquanto esteve fora da prisão. A casa em que ele foi preso em Curitiba pertencia a ele, disse a polícia.


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