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CARNAVAL
Enredo da escola de samba paulistana Mancha Verde tratará de guerras e conflitos e promete causar polêmica
Desfile em SP terá até "homem-bomba"
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à controvérsia causada
pela charge em que o turbante do
profeta Maomé adquire contornos de bomba, uma escola de
samba de São Paulo promete adicionar combustível à discussão,
durante sua passagem pelo Sambódromo do Anhembi.
Com um enredo sobre personagens e povos perseguidos ao longo da história, a Mancha Verde
desfilará com foliões fantasiados
de homens-bomba. Os "suicidas"
aparecerão no segundo setor, que
tratará de conflitos seculares, como o que contrapõe muçulmanos
e judeus. Pacificadores como Buda, Mahatma Gandhi e Nelson
Mandela também serão representados pela escola.
Apesar dos preparativos, a
Mancha Verde não sabe se poderá
desfilar na primeira divisão do
Carnaval paulistano. A Liga Independente das Escolas de Samba
criou uma chave para abrigar as
agremiações esportivas: Gaviões
da Fiel e Mancha Verde. O braço
corintiano do samba obteve uma
liminar que lhe assegura o direito
de abrir o desfile da sexta-feira.
Já os sambistas alviverdes não
tiveram a mesma sorte: ouviram a
21ª Vara Cível da capital proferir
sentença desfavorável. Mas entraram com mandado de segurança
para tentar reverter a decisão.
Carnaval engajado
A questão dos direitos da criança é o destaque da Águia de Ouro.
A escola aposta em um desfile
com referências à gravidez na
adolescência e à pornografia infantil na internet para levantar a
bandeira da proteção à criança.
A incógnita X terá direito a uma
revisão histórica, por obra da X-9
Paulistana. De Pitágoras aos X-burguers da atualidade, a escola
aposta no enredo para conquistar
o título que deixou escapar por
pouco em 2005, quando foi vice.
Quem também ganha olhar retrospectivo é o vinho. A folia da
Camisa Verde e Branco vai desde
o mito grego de Dionísio (Baco)
-deus do vinho sempre "escoltado" por sensuais bacantes- até a
invenção do champanhe, irmão
mais novo da bebida. No setor sobre a contribuição dos imigrantes
para o desenvolvimento da vinicultura no Brasil, grupos folclóricos portugueses e alemães combinarão danças típicas e samba.
O centenário da aviação aterrissa na passarela pelas mãos da Gaviões da Fiel e da Unidos do Peruche. A primeira vai mostrar, por
meio de desenhos egípcios, pipas
chinesas e o imaginário ligado aos
tapetes voadores, que o anseio de
voar acompanha o homem desde
a Antigüidade. Já a Peruche volta
o foco para o pai do 14-Bis, Santos
Dumont. Da escolha do tema participaram tanto integrantes da
agremiação quanto alunos de
duas escolas municipais. O carnavalesco Paulo de Andrade promete explorar facetas desconhecidas
do aviador, como a ligação com a
natureza e o espiritismo, além da
influência sobre a moda. "Ele foi o
primeiro metrossexual".
Andrade convidou o padre Pinto, afastado da paróquia da Lapinha (Salvador) por se fantasiar na
Festa de Reis, para desfilar à frente
da ala das baianas. O religioso ainda não respondeu.
A coincidência temática também une a Nenê da Vila Matilde e
a Rosas de Ouro. Ambas tratarão
da trajetória do negro ao longo da
história. A Nenê associa a história
da raça com a da Bahia, tendo como elo a ópera "Lídia de Oxum".
A Rosas, por sua vez, relembra as
atrocidades cometidas contra os
negros. O carnavalesco Fábio
Borges disse que a ala que retrata
a captura de tribos africanas
-com homens amarrados por
forquilhas de madeira presas ao
pescoço- vai emocionar.
Há ainda enredos sobre o cooperativismo, a agricultura, as festas populares das cidades que
margeiam o Tietê, a cidade de São
Vicente, a pecuária, o São Francisco e os primórdios do brasileiro
no Piauí, além de homenagem aos
transportadores de carga.
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