São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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Menino de oito anos morre em incêndio em Copacabana

Mateus Santana, 8, teve corpo carbonizado; de acordo com a Polícia Civil, laudo com causa do acidente sai em 30 dias

O único eletrodoméstico ligado no quarto da criança era um ventilador, segundo familiares; sepultamento reuniu cerca de 300 pessoas

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Um menino de oito anos morreu carbonizado em um incêndio na madrugada de ontem dentro do apartamento onde morava, em Copacabana, zona sul do Rio. O incêndio ocorreu na cobertura de um edifício na rua Barata Ribeiro, uma das principais do bairro.
Segundo relato dos familiares e dos bombeiros, o fogo começou por volta das 3h, quando Mateus Guimarães Salles Santana, 8, dormia em um dos quartos do segundo andar do apartamento, onde morava com os avós e a mãe.
O avô de Mateus, Paulo Salles, dormia no quarto ao lado e tentou salvar o menino, disse o aposentado Fernando Abelha, 71, tio-avô de Mateus. "O Paulo me disse que acordou umas 3h com ele berrando e com cheiro de fumaça. Ele tentou correr até o quarto do neto, mas no corredor teve de recuar porque o fogo já estava forte", relatou Abelha. "Ele tentou então entrar no quarto pela varanda, mas tinha muitas labaredas e não dava para chegar perto."
Sem conseguir tirar o neto do quarto, Paulo Salles chamou os bombeiros e pediu socorro a familiares que moram perto. Bombeiros dos quartéis de Copacabana e do Humaitá foram acionados às 3h30, mas não conseguiram salvar a criança.
Só por volta das 6h eles encontraram o corpo do menino, que estava próximo ao armário. Estava coberto com pedaços de gesso e de madeira. Segundo os bombeiros, o menino pode ter tentado entrar no armário para fugir do fogo.
Parentes do menino se desesperaram. Um tio de Mateus, Rafael Oliveira, que também tentou resgatar o menino pela varanda, foi atendido com intoxicação e liberado em seguida. A mãe de Mateus, a advogada Paula Salles, estava fora de casa e, quando chegou, os bombeiros já estavam no local, segundo a família.
Os bombeiros disseram ainda não saber a causa do incêndio. O laudo da perícia só sairá em 30 dias. A família também disse não ter suspeitas. De acordo com Abelha, o fogo começou no quarto do menino. Ainda de acordo com o relato do familiar, o único eletrodoméstico ligado no quarto de Mateus era um ventilador.
"É hábito da nossa família, assim como de muitas outras, dar uma olhada nas crianças antes de elas dormirem e estava tudo bem", disse Abelha.
A Polícia Civil vai abrir inquérito para investigar a morte de Mateus. O caso foi registrado na 12ª DP. Familiares serão chamados para prestar depoimento. Moravam no mesmo apartamento o avô, a avó, Dalva Salles, e a mãe do menino, que não estava no local na hora do incêndio. Como a mãe, os avós também são advogados.
O menino foi enterrado no fim da tarde de ontem, no Caju, zona portuária do Rio, em cerimônia que reuniu cerca de 300 pessoas. Muito emocionada, a mãe do menino foi amparada por membros da família durante o velório e o enterro. O pai, Vinícius Santana, passou mal e foi sedado. "O caso foi muito chocante, nossa família está muito abalada", disse Abelha.
Vascaíno assíduo nos estádios, segundo familiares, Mateus foi enterrado com uma bandeira sobre o caixão.


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