São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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Mãe Nitinha, vida nas rodas de Oxum

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem conheceu mãe Nitinha diz que ela seguia, à risca, os passo ditados por Oxum, seu orixá no candomblé da Bahia. Pois "nascera nas rodas de saia dos terreiros", balbuciando cânticos e recebendo santo ainda na flor da idade. "Fazia um candomblé como ninguém".
Areonithe Conceição Chagas nasceu no terreiro da Casa Branca, em Salvador, filha de mãe-de-santo. E "fez santo aos 3 anos", pois "quando o santo cobra, ele quer."
Diz um dos filhos de criação -eram mais de dez, além dos três filhos e 12 netos de sangue-, que desde mocinha dividiu com o terreiro a escola e o casamento, aos 14 anos.
Logo depois virou mãe Nitinha, professora de quarta série, parteira da comunidade, dona de bom conselho.
Em 2000, quando foi reconhecida a aposentadoria aos pais-de-santo, foi a primeira a se beneficiar. Segunda na hierarquia da Casa Branca, era a primeira em seu terreiro no Rio, que abrira há 40 anos. "Vivia na ponte aérea."
Diz o filho que ela conheceu Luiz Inácio Lula da Silva no Rio, e cerca de dez anos depois foi escolhida pelo presidente para representar o candomblé na comitiva multirreligiosa que foi a Roma pela morte do papa. Atrasou-se, perdeu o avião, não quis mais ir. "O santo mandou ficar."
Apesar da bronquite, fumou muito na vida, mas não aparentava, diz o filho, ter 79. Morreu de deficiência respiratória, na segunda. Foi enterrada com as vestes brancas e douradas de Oxum.

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