|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mãe Nitinha, vida nas rodas de Oxum
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem conheceu mãe
Nitinha diz que ela seguia,
à risca, os passo ditados
por Oxum, seu orixá no
candomblé da Bahia. Pois
"nascera nas rodas de saia
dos terreiros", balbuciando cânticos e recebendo
santo ainda na flor da idade. "Fazia um candomblé
como ninguém".
Areonithe Conceição
Chagas nasceu no terreiro
da Casa Branca, em Salvador, filha de mãe-de-santo. E "fez santo aos 3
anos", pois "quando o
santo cobra, ele quer."
Diz um dos filhos de
criação -eram mais de
dez, além dos três filhos e
12 netos de sangue-, que
desde mocinha dividiu
com o terreiro a escola e o
casamento, aos 14 anos.
Logo depois virou mãe
Nitinha, professora de
quarta série, parteira da
comunidade, dona de bom
conselho.
Em 2000, quando foi reconhecida a aposentadoria aos pais-de-santo, foi a
primeira a se beneficiar.
Segunda na hierarquia da
Casa Branca, era a primeira em seu terreiro no Rio,
que abrira há 40 anos.
"Vivia na ponte aérea."
Diz o filho que ela conheceu Luiz Inácio Lula
da Silva no Rio, e cerca de
dez anos depois foi escolhida pelo presidente para representar o candomblé na comitiva multirreligiosa que foi a Roma pela
morte do papa. Atrasou-se, perdeu o avião, não
quis mais ir. "O santo
mandou ficar."
Apesar da bronquite,
fumou muito na vida, mas
não aparentava, diz o filho, ter 79. Morreu de deficiência respiratória, na
segunda. Foi enterrada
com as vestes brancas e
douradas de Oxum.
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Motoboys prometem protesto hoje no centro Índice
|