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PMs confessam ter decapitado ao menos 3 pessoas
Ao todo, 12 PMs estão presos sob a suspeita de integrar um grupo de extermínio conhecido como "Os Highlanders"
No computador da casa de um dos PMs presos em São Paulo foram descobertas imagens de duas crianças empunhando armas de fogo
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Presos sob a suspeita de integrar um grupo de extermínio
conhecido como "Os Highlanders" (porque as vítimas eram
decapitadas), três PMs confessaram, em depoimento à Polícia Civil, ter matado e degolado
ao menos três pessoas. A polícia acredita que o grupo, que
age em bairros pobres do extremo sul de São Paulo, tenha cometido outros oito homicídios.
Ao todo, foram presos 12
PMs sob a acusação de integrar
o grupo de extermínio.
Segundo as confissões, duas
das vítimas teriam sido decapitadas por serem traficantes. O
terceiro caso teria sido um "acidente" -a vítima teria morrido
durante um espancamento
após uma abordagem.
Em 23 de outubro de 2008, a
Folha revelou que ao menos
cinco homens foram encontrados decapitados, entre abril e
outubro, na divisa de bairros da
zona sul de São Paulo e Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).
Em seu depoimento, o soldado Marcos Aurélio Pereira Lima, do 37º Batalhão, relatou
que ele e os PMs Rodolfo da Silva Vieira, Ronaldo dos Reis
Santos e Jonas Santos Bento se
passaram por viciados para sequestrar dois traficantes -a
Folha não teve acesso ao depoimento de Bento.
Pelo relato, os dois homens
foram levados para um matagal
e espancados. Então, foram esfaqueados e decapitados.
O crime ocorreu em maio do
ano passado. Para Santos, "apesar de estar arrependido, o que
lhe conforta é achar que os indivíduos mortos ... eram criminosos e integrantes do PCC".
Os policiais presos disseram
se sentir ameaçados porque os
dois supostos traficantes eram
integrantes da facção criminosa PCC. Segundo a polícia, não
há provas dessa ligação entre as
vítimas e o grupo criminoso.
O terceiro caso confessado
foi o do deficiente mental Antonio Carlos Silva Alves, 31. Ele
foi visto com vida ao ser colocado no carro da PM. Nesse veículo estaria o soldado Vieira.
Pelo relato de Santos, Alves foi
decapitado para não ser reconhecido, já que acabou morrendo durante espancamento.
Nos depoimentos, porém,
não é explicada a razão de Alves
ter sido abordado. A Polícia Civil desconfia que os PMs acreditavam que ele poderia ser traficante ou que tenham se irritado por achar que o deficiente
mental estava zombando deles.
No computador da casa do
soldado Lima, os investigadores localizaram fotografias em
que duas crianças aparecem
empunhando armas de fogo.
Anteontem, um machado e
facas supostamente usados nas
decapitações foram achados
dentro do poço de um posto de
gasolina da zona sul onde os policiais militares se reuniam.
O primeiro PM a assumir homicídios na zona sul foi o soldado Vieira, filho de um oficial da
corporação e que, segundo apurava a promotora Eliana Passarelli, seria protegido do coronel
Eduardo Félix, comandante do
Batalhão de Choque da PM. O
coronel teria tentado evitar que
a investigação descobrisse a
possível participação dos PMs.
Félix, segundo apurou a promotora, ordenou que fossem
destruídos relatórios em que os
PMs narravam abordagens de
pessoas que mais tarde apareceram decapitadas.
Após chegar ao nome de Félix, a promotora foi afastada do
caso pelo procurador-geral de
Justiça, Fernando Grella Vieira, sob a alegação de que ela não
pode atuar em investigações fora da esfera da Justiça Militar.
Além das cinco decapitações,
os PMs são suspeitos de terem
cometido uma chacina em
agosto de 2008, na favela no
Morro do Índio.
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