Para a Secretaria Municipal da Saúde, calor pode ser uma das explicações
Segundo a prefeitura, os idosos tinham doenças como pressão alta, diabetes ou problemas cardíacos; 15 chegaram a ir a hospitais

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas nos dois primeiros dias desta semana, 32 idosos morreram em Santos (litoral de São Paulo). Segundo a prefeitura, os óbitos podem ter sido causados por doenças relacionadas a desidratação provocada pelo calor dos últimos dias.
"Esses idosos provavelmente se desidrataram e descompensaram as doenças que eles já tinham de base. Por isso é importante aumentar a hidratação nesse período", diz Maria Lígia Pereira, da Secretaria Municipal da Saúde de Santos.
Segundo a secretaria, na segunda e na terça-feira, as temperaturas na cidade passaram de 40C, e a umidade do ar ficou baixa porque não choveu.
Os idosos costumam sofrer mais com as altas temperaturas porque seus organismos têm menos água e eles têm mais dificuldade para perceber quando estão com sede. A forte desidratação, aliada a doenças já existentes, pode levar à morte, diz José Carlos Velho, geriatra do hospital Santa Catarina.
Segundo a prefeitura, os 32 idosos tinham alguma doença de base, como pressão alta, diabetes ou problemas cardíacos. Quinze chegaram a procurar hospitais municipais, mas não resistiram. A maioria acabou tendo complicações renais.
Os outros 17 morreram em casa, e a causa do óbito ainda não foi definida. Mas esse número chamou a atenção da prefeitura, que afirma que, em todo o mês de fevereiro de 2009, 24 pessoas de diferentes faixas etárias morreram em casa.
O diretor do Instituto Paulista de Geriatria, Paulo Sérgio Pelegrino, explica que a falta de água no organismo diminui a pressão arterial e sobrecarrega o coração, que tem que bater mais rápido para manter o corpo em funcionamento. Os rins também sofrem porque têm que alterar seu funcionamento para se adaptar ao menor volume de líquidos circulante. A maioria dos idosos com desidratação severa morre por insuficiência renal ou cardíaca.
"Como eles já têm o organismo fragilizado por conta de outras doenças, não respondem bem a esse tipo de estresse", afirma Pelegrino.

Muita água
Os geriatras afirmam que a família deve observar a quantidade de água ingerida pelos idosos. O ideal é que no calor eles consumam dois litros de água diariamente. "A família pode separar essa quantidade e ir oferecendo a eles, mesmo que não peçam, já que a percepção de sede deles é diminuída", diz Pelegrino. Alimentação leve também é essencial.


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