São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

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InCor amontoa 150 mil fichas de pacientes em sala

Prontuários do Instituto do Coração, em SP, estão espalhados até pelo chão

Pastas e caixas de papelão estão em local sem ventilação e com fiação exposta; hospital diz que fará reforma

Arquivo Pessoal
Arquivo de prontuários de pacientes do InCor, em São Paulo

ADRIANA FERRAZ
DO "AGORA"

Cerca de 150 mil prontuários de pacientes atendidos pelo InCor, o maior centro de cardiologia da América Latina, estão amontoados em uma sala sem ventilação e com fiação exposta.
Funcionários ouvidos pela reportagem relatam que a falta de estrutura dificulta o atendimento aos pacientes, já que muitos documentos não são resgatados a tempo da consulta médica.
O arquivo superlotado fica na entrada do instituto, que faz parte do complexo do Hospital das Clínicas (região central) e é ligado à Secretaria de Saúde da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
Parte dos documentos está espalhada pelo chão e os corredores estão tão cheios que quase não dá para passar no meio deles. A estimativa de funcionários é que até 30% das fichas procuradas por dia não são encontradas.
O prontuário guarda o histórico do paciente. Mostra os resultados dos exames solicitados pelos médicos, os medicamentos tomados no tratamento, as cirurgias indicadas e os sintomas relatados.
"É a vida da pessoa contada ali. Deve ter o maior número de dados possível e com o máximo de detalhamento. Ele dá mais qualidade à consulta, pois o paciente quase nunca diz toda a verdade", diz Hélio Castello, mestre em cardiologia pela Unifesp.
No caso de doentes crônicos, como os que sofrem de doenças do coração, o documento pode ser considerado ainda mais essencial.
"Quanto mais sério é o problema, mais vezes o histórico será consultado. E também atualizado, em função da continuidade no tratamento. E o paciente tem o direito de vê-lo a qualquer momento. Por isso, ele deve ficar bem armazenado", explica.
A importância é tanta que diariamente uma equipe de funcionários, formada por 24 pessoas, trabalha procurando e armazenando prontuários abertos pelos médicos do InCor nas estantes do arquivo ou mesmo no chão.
Só os históricos de pessoas públicas, como políticos, ou de pacientes que fazem tratamento por ordem judicial são guardados em armários reservados, na mesma sala.
Além do prejuízo médico, a falta de estrutura gera risco de incêndio -no Natal de 2007, um incêndio no prédio do HC suspendeu o atendimento por uma semana.
Pelos corredores do arquivo do InCor, sobram fios expostos, mas faltam janelas e saídas de emergência. Para agravar o quadro, pastas e caixas que guardam as fichas são de papelão, material altamente inflamável.


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