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RS e MG são os que investem menos em Saúde, diz ministério
Relatório aponta que os dois Estados não cumpriram em 2005 emenda que determina aplicar 12% dos recursos no setor
Outros 18 Estados também empregaram montante abaixo do percentual estabelecido na Saúde; total chega a R$ 3,45 bilhões
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
Relatório do Ministério da
Saúde aponta Minas Gerais e
Rio Grande do Sul como os Estados que menos investiram
em Saúde no ano de 2005, descumprindo assim a emenda
constitucional 29, que vincula
os investimentos no setor -é
preciso aplicar 12% das receitas
próprias estaduais.
Os dados do Siops (Sistema
de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde), fechados no mês passado, apontam que o Rio Grande do Sul investiu 4,99% do Orçamento em
Saúde, e Minas Gerais, 6,87%.
Outros 18 Estados integram a
relação com percentual de recursos destinados à Saúde abaixo do estabelecido na emenda
constitucional. Entre eles estão
São Paulo (11,69%), Rio de Janeiro (8,9%), Paraná (8,86%) e
Bahia (11,85%).
Montante que faltou
Em valores absolutos, foram
R$ 3,45 bilhões que deixaram
de ser aplicados na Saúde pelos
20 Estados em 2005. Minas
Gerais e Rio Grande do Sul lideram esse montante que faltou,
com R$ 771 milhões e R$ 744
milhões, respectivamente.
Os próximos quatro da lista
do Ministério da Saúde são Rio
de Janeiro (R$ 430 milhões),
Paraná (R$ 274 milhões), Goiás
(R$ 213 milhões) e São Paulo
(R$ 136 milhões).
A maior parte dos Estados,
porém, diz ter cumprido a
emenda 29. Nos balanços gerais que os próprios Estados
publicam, apenas Rio Grande
do Sul, Maranhão e Paraná
apontaram percentuais abaixo
dos 12% previstos na emenda
constitucional: 7,45%, 8,52% e
9,59%, respectivamente.
Outros 16 Estados afirmam
ter aplicado o percentual constitucional. Minas está entre
eles: afirma ter investido
12,33%. Os dados do Acre são os
únicos não disponibilizados.
Polêmica
Essa é uma polêmica que se
arrasta desde que a emenda 29
passou a valer, em 2000. Como
não foi feita até hoje a regulamentação da lei, há diferentes
interpretações sobre a definição de gastos em Saúde.
O Ministério da Saúde se baseia em dados transmitidos pelos Estados ao Siops e no exame
dos balanços dos governos, amparado na resolução 322 do
Conselho Nacional de Saúde,
de 2003, criado para resolver as
divergências de interpretação
da emenda 29.
Segundo a resolução, assistência à saúde de servidores e
pagamento de aposentadorias
e pensões não podem ser computadas como gastos em Saúde.
Mas os Tribunais de Contas
dos Estados, no entanto, nem
sempre têm esse entendimento. É o caso, por exemplo, do
TCE de Minas Gerais. E cabe
justamente a esse tribunal a decisão final sobre o assunto.
Divergências
Duas reportagens da Folha
publicadas no ano passado
mostraram que em Minas o
Executivo incluiu nos gastos
com Saúde em 2004 despesas
com previdência social e assistência médica para clientela fechada (servidores e militares),
gastos com saneamento básico
e vigilância sanitária animal.
Em outra reportagem da Folha, em outubro de 2003, primeiro ano da gestão Aécio Neves (PSDB), o governo de Minas já defendia a interpretação
do TCE-MG para gastos em
Saúde e deixava claro que seguiria essa análise.
Na ocasião, o secretário da
Saúde, o tucano Marcus Pestana já defendia que despesa com
o hospital militar era gasto em
Saúde: "Só a regulamentação
por lei complementar pode pacificar isso".
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