Limite passa de 110 km/h para 90 km/h em trecho de 14 km entre São Bernardo e SP

As placas de sinalização serão instaladas a partir de hoje, mas fiscalização será feita a partir de 1º de abril; trecho concentra acidentes

ALENCAR IZIDORO
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O motorista que utiliza a rodovia Anchieta precisará pisar no freio: a velocidade máxima permitida em 14 km de extensão de suas marginais vai diminuir de 110 km/h para 90 km/h.
As novas placas de sinalização serão instaladas a partir de hoje, e a fiscalização eletrônica baseada no novo limite passará a valer no primeiro dia de abril.
A mudança ocorre entre São Paulo e São Bernardo do Campo: do km 10 ao km 24 da pista norte e, na pista sul, do km 10 ao km 18 e do km 24 ao km 29.
Pelas duas marginais da Anchieta passam entre 350 mil e 400 mil veículos diariamente -tráfego que se aproxima do volume da marginal Pinheiros.
Elas são usadas não só por quem vai ou volta do litoral sul, mas principalmente por moradores do ABC que se deslocam até a capital paulista.
A justificativa para a diminuição da velocidade permitida é a quantidade de acidentes ocorridos nessas duas pistas -praticamente quatro por dia.
Mas a medida já enfrenta a resistência de muitos usuários. Na prática, com a redução, um trajeto que antes poderia ser feito em sete minutos deverá levar agora próximo de nove.
"As pessoas irão andar mais devagar com medo da fiscalização. Tende a atravancar", afirma Ricardo Crespo, 23, assistente técnico que sai de casa todos os dias às 5h45 para tentar escapar do trânsito no caminho do ABC a Osasco (Grande SP).
Os estudos para diminuir a velocidade nas marginais da estrada eram feitos pela Artesp (agência que regula as concessões no Estado) e pela Ecovias desde meados de 2007.
Na época, a Folha revelou que 2 dos 15 pontos críticos de acidentes em rodovias do Estado estavam na Anchieta, na altura do kms 18 e 23 -onde há grande fluxo de tráfego urbano, travessia de pedestres e variadas entradas e saídas.
A pista sul da estrada também liderava os dados de mortes proporcionalmente à extensão e número de veículos.
O sistema Anchieta-Imigrantes tem a praça de pedágio mais cara do Estado de São Paulo -de R$ 15,40-, mas fora do trecho que será atingido pela diminuição da velocidade.

Grandes avenidas
"As marginais da Anchieta são como grandes avenidas. Há bastante colisão traseira. E a velocidade de 110 km/h é incompatível com a geometria e a utilização feita da estrada", afirma Humberto Gomes, diretor-superintendente da Ecovias, para quem "não haverá impacto significativo nem engarrafamentos" devido à diminuição da velocidade máxima.
Segundo ele, atualmente a maioria dos veículos já anda abaixo dos 110 km/h. A nova velocidade permitida (90 km/h) é igual à das pistas expressas das marginais Tietê e Pinheiros.
Em uma das pistas da Anchieta, a marginal tem quatro faixas de rolamento -contra duas da pista expressa da estrada. Na outra, são somente duas.
Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa no governo Franco Montoro (1983-1987), considerou adequada a queda do limite. "Num trecho quase urbano como esse há paradas bruscas e a velocidade alta provoca muita colisão traseira."


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