São Paulo, quarta, 11 de março de 1998

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Preso suposto líder de gangue que ameaçava infectar com HIV

MARCELO GODOY
da Reportagem Local

A polícia prendeu Francisco Luiz Ferreira Picerni, 19, o "Chicão". Ele é acusado de liderar uma quadrilha de ladrões de apartamento em São Paulo que ameaçava infectar suas vítimas com o vírus HIV (causador da Aids).
Suspeito de roubar o deputado estadual Erasmo Dias (PPB), o preso foi reconhecido por quatro outras pessoas. "Ele é um velho conhecido", disse o delegado Marcelo Teixeira, 35, da Delegacia de Roubos. Picerni negou as acusações aos depor e se disse vítima de uma perseguição da polícia.
Desde 1996 ele é preso pela Delegacia de Roubos. Em janeiro daquele ano, ainda adolescente, foi detido e acusado de participar de uma quadrilha que roubava casas e fazia roleta-russa com as vítimas em Perdizes (zona noroeste).
Pouco tempo depois, o rapaz deixou a Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor). Em outubro do mesmo ano, Picerni e outros teriam assaltado a casa do advogado Hélio Falchi, 75, no Itaim Bibi (zona noroeste).
Esse roubo ficou famoso porque os ladrões jogaram álcool em Falchi, em sua mulher e em dois empregados da casa e atearam fogo. O advogado sofreu queimaduras graves e ficou seis meses internado. Os outros só não se queimaram porque o carpete tinha tratamento antichamas, o que impediu a propagação do fogo.
Essa foi a última vez que Picerni foi detido ainda adolescente. No ano passado, ele fugiu da Febem. Já com 18 anos, teria participado do roubo ao apartamento da procuradora aposentada Jeanete Tamara Praude, 52, amiga do deputado estadual Erasmo Dias, que também foi rendido pelos ladrões.
O crime aconteceu em novembro passado nos Jardins (zona sudoeste). Os assaltantes ameaçaram estuprar e infectar as duas filhas da procuradora com o vírus HIV (causador da Aids).
A quadrilha levou R$ 100 mil em jóias. Na semana passada, o deputado não reconheceu o acusado por meio de fotos. "Ele não tinha condições de reconhecer o preso porque os ladrões usaram meias de náilon na cabeça durante o roubo", disse o delegado.
Segundo ele, a "ameaça sádica" contra as filhas da procuradora fez a polícia suspeitar de Picerni. Uma semana depois desse roubo, houve outro com ameaça de estupro com HIV. Dessa vez, a vítima foi o procurador da Assembléia Legislativa Benedito Luiz Franco, 54.

Reconhecimento
Franco reconheceu na delegacia Picerni como sendo um dos ladrões que invadiram seu apartamento. Além dele, três outras vítimas reconheceram o preso.
Todas foram assaltadas em 17 de fevereiro, quando um grupo roubou um Ômega na Barra Funda (zona noroeste), um apartamento, um BMW e um Honda Civic em Moema (zona sudoeste) e uma S-10 e um apartamento em Pinheiros (zona sudoeste).
Naquele dia, após um tiroteio em Pinheiros, a PM prendeu Fernando Canazza, 20, também acusado de participar dos roubos. A polícia procurou Picerni até prendê-lo quando ele visitava a namorada no Sumaré (zona noroeste).
A Justiça decretou a prisão temporária do acusado pelos quatro roubos em que foi reconhecido.



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