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FAVELA NAVAL
Decisão foi por unanimidade
TJ proíbe Globo de mostrar imagens
da Reportagem Local
O Tribunal de Justiça de São
Paulo decidiu ontem proibir a TV
Globo de veicular as imagens de
agressão policial na favela Naval,
em Diadema (Grande São Paulo).
As imagens foram feitas em 7 de
março do ano passado pelo cinegrafista Francisco Romeu Vanni,
o "Pica-pau", e transmitidas dias
depois pelo "Jornal Nacional" da
TV Globo. A ação policial resultou
na morte do conferente Mário José Josino, atingido por um tiro
disparado pelo soldado Otávio
Gambra, o "Rambo".
A decisão foi tomada por unanimidade pelos dez desembargadores do 1º Grupo de Câmaras de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Pela decisão judicial, a Globo
não pode veicular as imagens enquanto não for concluído o processo que Vanni move contra a
Globo por apropriação indevida
das imagens. Segundo ele, a Globo
teria pego a fita em sua casa sem
sua autorização, o que é negado
pela emissora.
Vanni pede uma indenização de
R$ 70 milhões. O processo está
tramitando na 3ª Vara Cível da
Capital e deve levar pelo menos
um ano para ser julgado.
A Justiça também decidiu que se
a Globo desrespeitar a proibição
deverá pagar R$ 250 mil de indenização a Vanni a cada vez que a
imagem for levada ao ar.
A batalha judicial entre a Globo
e Vanni teve início em 23 de dezembro, quando os advogados do
cinegrafista conseguiram uma liminar proibindo a divulgação das
imagens. Em 31 de dezembro, a
Globo conseguiu cassar a liminar.
Dia 19 de janeiro, a defesa de Vanni entrou com um agravo regimental, julgado ontem no TJ, buscando restabelecer a liminar.
Liberdade de imprensa
A direção da TV Globo não quis
comentar a decisão judicial, afirmando não ter tomado conhecimento de seu teor.
O advogado da empresa, Luiz de
Camargo Aranha Neto, afirmou
que se a Justiça proibir a divulgação das imagens estará "cerceando a liberdade de expressão". "É
um absurdo impedir a Globo de
mostrar imagens que comprou legalmente", afirmou.
Aranha Neto declarou que pretende recorrer da decisão, que será publicada amanhã no "Diário
Oficial".
(OTÁVIO CABRAL)
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