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TRANSPORTE
Previdência cobra da gestão Marta Suplicy a retenção das quantias de encargos devidos por viações de ônibus
Prefeitura se nega a colaborar com INSS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo tem
se negado a adotar mecanismos
exigidos pelo INSS para combater
a falta de recolhimento de encargos previdenciários pelas empresas de ônibus da capital paulista.
O INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) cobra do governo
Marta Suplicy (PT) há dois anos
que ele retenha na conta do sistema de transporte coletivo as
quantias equivalentes aos impostos previdenciários devidos pelas
viações. Os valores só deveriam
ser liberados depois que os empresários de ônibus apresentassem as certidões comprovando
que os débitos foram pagos.
A SPTrans (São Paulo Transporte, empresa municipal que
cuida do setor), entretanto, tem
resistido à pressão do INSS sob a
alegação de que "essa questão [de
recolhimento de impostos previdenciários] é de responsabilidade
exclusiva do empregador".
"Há um entendimento do INSS
de que deveríamos agir dessa forma. Mas nós discordamos. Entendemos que essa não é nossa atribuição", afirma Adauto Farias, diretor-adjunto de gestão econômica e financeira da SPTrans.
Segundo a Folha apurou, essa
posição da administração petista
é vista como uma "omissão" por
técnicos do INSS, para quem ela
facilita a sonegação de impostos
pelas viações de ônibus.
Um levantamento do sindicato
dos motoristas e cobradores feito
no final de 2002 apontava que,
apenas nos três anos anteriores,
as empresas de ônibus de São
Paulo já haviam deixado de recolher mais de R$ 90 milhões em encargos previdenciários.
O INSS considera que a retenção das quantias pela SPTrans é
até mesmo uma imposição legal,
por envolver uma atividade de
contratação de mão-de-obra. A
prefeitura, porém, discorda dessa
obrigatoriedade, sob a alegação
de que se trata apenas de uma
prestação de serviço.
Independentemente da avaliação jurídica, a decisão da SPTrans
de não interferir nos encargos
previdenciários das viações também contradiz a tendência manifestada nesta semana no TRT-SP
(Tribunal Regional do Trabalho),
após dois dias de greve de ônibus.
Os juízes do tribunal delegaram
à SPTrans a responsabilidade pelas dívidas trabalhistas -estimadas em R$ 70 milhões- de 10.800
trabalhadores de nove viações
que foram descredenciadas no sábado passado pela prefeitura.
A Folha apurou que, na avaliação dos juízes do TRT, a SPTrans,
como gestora do sistema de transporte, tem que se responsabilizar
pela idoneidade das empresas que
ela contrata. E, após a contratação, tem que fiscalizar se as obrigações legais estão sendo cumpridas. Por exemplo, teria de exigir
os recolhimentos do FGTS e do
INSS -e não considerar essa
obrigação legal como um problema exclusivo do empregador.
Nos últimos dois anos, a gestão
Marta vinha considerando que
esses problemas só eram da alçada de patrão e empregado.
Certidão
O TRT divulgou ontem a certidão do julgamento realizado na
última terça-feira, que delegou à
SPTrans a responsabilidade pela
dívida trabalhista de 10.800 condutores. O documento confirma
aquilo que já havia sido anunciado pela juíza Vania Paranhos,
presidente da sessão especializada
em dissídios coletivos do tribunal.
O texto da certidão diz que, "no
tocante ao passivo trabalhista, [...]
a responsabilidade como gerenciadora do sistema e da transição
é da SPTrans". A procuradora
Oksana Boldo, porém, apresentou um recurso ao TRT para pedir
uma explicação mais detalhada.
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