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Prefeito trava queda-de-braço com a Câmara
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável pelo primeiro revés do governo José Serra (PSDB),
a Câmara Municipal de São Paulo
ainda é hoje um dos principais focos de insatisfação do prefeito,
que trava uma queda-de-braço
com os vereadores.
Adotando um discurso que vai
acabar com o "fisiologismo" entre
Executivo e Legislativo e fazendo
reclamações públicas quanto à
atuação dos parlamentares, Serra
acabou se distanciando ainda
mais de um entendimento com a
Casa. O único projeto apresentado até agora pelo prefeito, o da reforma da Previdência municipal,
está parado, aguardando leitura
em plenário para que possa tramitar nas comissões.
Sem maioria garantida, o secretário de Governo, Aloysio Nunes
Ferreira, articula uma negociação
pontual para a aprovação da reforma, que segundo Serra pode
garantir uma economia de R$ 300
mil por dia à cidade.
Sua estratégia é desarticular a
composição do centrão, grupo de
16 vereadores que se dizem independentes. Para isso, tenta atrair o
PTB prometendo participação no
governo, o que incluiria cargos na
administração.
Auxiliares de Serra dizem não se
tratar de "lotear" a prefeitura,
transformando departamentos
municipais em "feudos" de vereadores, mas de garantir espaço a
partidos aliados como ocorreu
com o PDT, PFL e PV -além de
secretarias, as legendas foram
agraciadas com subprefeituras.
O cientista político Marco Antônio Teixeira, pesquisador da FGV,
prevê dificuldades a Serra na
composição da maioria. "Historicamente a distribuição de cargos
[aos vereadores] foi o maior instrumento para conquistar a maioria, porque os vereadores precisam responder a uma demanda
popular nos seus redutos eleitorais", disse Teixeira. "Eles se acostumaram a essa relação e hoje é
difícil ter governabilidade se não
for por concessões como essas".
Para o também cientista político
Fernando Abrúcio, da PUC, Serra
"acerta e erra" na sua relação com
a Câmara até agora. "Ele acerta ao
não transformar a relação do Legislativo e do Executivo num
clientelismo desbragado", afirmou. "Mas está errando ao mostrar que não tem uma estratégia
política eficiente para montar a
maioria, o que é fundamental".
Ação e reação
Aliado ao PT, o centrão conseguiu eleger o presidente da Câmara em janeiro. O então tucano Roberto Trípoli deixou o partido para se lançar ao posto e derrotar o
candidato governista, Ricardo
Montoro (PSDB). No dia da derrota, Serra disse ao senador
Eduardo Suplicy (PT) que a responsável pelo revés era sua antecessora, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Muito petistas atribuem a esse episódio a decisão da
administração do PSDB de adotar
o discurso da "herança nefasta",
apontando um rombo nas contas
municipais deixado por Marta de
R$ 1,8 bilhão.
(CONRADO CORSALETTE E
FABIO SCHIVARTCHE)
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