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Bairro da Posse lembra sertão do NE
DA SUCURSAL DO RIO
Em Nova Iguaçu, no bairro da
Posse, a cerca de 5 km do bar onde morreram nove pessoas, há
bolsões de pobreza comparáveis
aos do sertão nordestino: adultos
analfabetos, pessoas sem certidão
de nascimento ou outro documento e gente que se alimenta das
sobras de sacolões e supermercados -ainda que pelo menos um
integrante da família trabalhe.
Essa é a realidade em uma área
de invasão, chamada Exponing,
com 89 famílias, onde a Folha encontrou a família de Nadiele Conceição dos Santos, 16, nascida na
periferia do Rio de Janeiro, na
qual ninguém tem certidão de
nascimento ou outra forma de
identificação oficial.
A adolescente mora com quatro
irmãos em uma construção de alvenaria, de apenas um cômodo. O
mais velho, Diogo, 17, trabalha
como ajudante em um caminhão
de carga. Os três irmãos mais novos, de cinco, sete e dez anos, nunca foram à escola. A mãe é doméstica de uma família de classe média, na zona oeste do Rio. Bianca,
22, irmã de Nadiele, vive com dois
filhos pequenos em uma construção ao lado, na mesma situação
do restante da família. Como as
escolas exigem a apresentação da
certidão de nascimento, as crianças estão crescendo analfabetas.
Quem chega ao local se depara
com casas de estuque, ou pau-a-pique (feita com barro batido,
sem tijolos, sustentado por uma
amarração de varas), como nas
das comunidades mais pobres do
interior do Nordeste.
Mas os moradores acreditam
que estão melhor na área invadida do que estariam no sertão nordestino, por causa da facilidade
de atendimento médico, das escolas próximas e da energia elétrica
e da água encanada em casa.
Vivem na Posse, segundo o IBGE, cerca de 13 mil pessoas, e a
renda média do chefe familiar é
de R$ 659. Os locais onde ocorreram as chacinas não estão entre os
mais pobres do município de Nova Iguaçu.
(ELVIRA LOBATO)
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