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CASO RICHTHOFEN
Juiz atendeu a pedido de promotor que alegou que jovem coloca a vida do irmão, Andreas, em risco
Após 9 meses, Suzane volta para a prisão
ANDRÉ CARAMANTE
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ré confessa dos pais, Suzane Louise von Richthofen, 22,
voltou para a prisão ontem, depois de nove meses em liberdade
provisória. A Justiça determinou
o retorno dela para a cadeia a pedido do Ministério Público, que
considerou que, além da possibilidade de fuga, Suzane representava um risco para seu irmão, Andreas, testemunha do crime e beneficiário dos bens da família.
A prisão preventiva -até o julgamento, marcado para 5 de junho- foi decretada pelo juiz Richard Francisco Chequini, do 1º
Tribunal do Júri de São Paulo, às
17h40 de ontem. Duas horas depois, Suzane se entregou no 89º
DP (Portal do Morumbi), zona
oeste de São Paulo. Ela foi transferida para o DHPP (Departamento
de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde permanecia até o fechamento desta edição.
Suzane confessou a participação na morte dos pais, Manfred,
49, e Marísia von Richthofen, 50.
O casal foi assassinado enquanto
dormia, com golpes de cano de
ferro, em 2002. O então namorado de Suzane, Daniel Cravinhos, e
o irmão dele, Cristian, foram os
autores dos golpes. Os dois, que
chegaram a ficar em liberdade por
cerca de três meses, voltaram à
prisão em 23 de janeiro deste ano,
quando tiveram a prisão decretada em decorrência de uma entrevista à rádio Jovem Pan.
Em junho do ano passado, Suzane conseguiu liberdade provisória, decretada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Segundo
esse tribunal, ela não representaria risco à sociedade.
Uma entrevista concedida por
Suzane ao programa "Fantástico", da Rede Globo, no final de semana, mudou esse cenário. O
programa flagrou advogados
orientando Suzane a chorar durante a entrevista e a culpar seu
ex-namorado Daniel e o irmão
dele, Cristian, pelo crime.
O promotor Roberto Tardelli
usou essa entrevista para justificar o pedido de prisão. "A possibilidade de fuga era iminente.
Descobriu-se a farsa. O tiro saiu
pela culatra e ela poderia fugir
porque tem pouco a esperar do
julgamento", afirmou Tardelli.
Segundo o promotor, Suzane
conseguiu ficar "ainda mais antipática para a sociedade", o que
complicou sua situação -ela será
julgada por um júri popular.
Tardelli também afirmou à Justiça que Suzane, em liberdade, poderia colocar em risco a vida de
seu irmão. "A permanência da ré
em liberdade coloca em risco a vida de testemunha do feito, no caso, seu irmão, Andreas von Richthofen", escreveu o juiz Richard
Chequini. "Tornaram-se públicas
as divergências havidas entre Suzane e seu irmão, ora por desacordo na partilha de bens dos falecidos pais, vítimas", continuou ele.
No final de fevereiro, Suzane,
orientada por seu advogado de
defesa, Mário Sérgio de Oliveira,
por seu tutor legal, o também advogado Denivaldo Barni, que trabalhava com Manfred na Dersa
(Desenvolvimento Rodoviário
S.A.), e pelo filho dele, Denivaldo
Barni Júnior, pediu à Justiça para
administrar os bens da família.
Ela afirmou na petição que o irmão, hoje, administra o patrimônio da família "com total descaso
e desleixo". Ela também pediu à
Justiça o direito de receber parte
do seguro de vida por conta das
mortes de Manfred e Marísia.
O juiz Chequini também faz referência indireta ainda à entrevista que Suzane concedeu ao programa "Fantástico".
"Tem-se a necessidade de garantir a perfeita ordem de julgamento da ré e dos demais acusados, uma vez que se nota a clara
intenção de criar fatos e situações
novas, modificando, indevidamente, o panorama processual.
Aos senhores jurados deverá ser
assegurado o direito, constitucional, de julgamento pelas provas
dos autos", argumentou o juiz.
Para o Ministério Público, a entrevista flagrou uma armação da
defesa para que Suzane parecesse
uma vítima dos irmãos Cravinhos. "Foi uma encenação de péssima qualidade", disse.
Suzane passaria a noite no
DHPP. Ao contrário do que acontece normalmente com outros
presos, ela não foi ao IML (Instituto Médico Legal) para passar
por exame de corpo de delito. Um
médico foi deslocado especialmente para examiná-la no DHPP.
Ela será transferida para uma prisão na manhã de hoje.
A reportagem não conseguiu localizar ontem o advogado de Suzane, Mário Sérgio de Oliveira.
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