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Vereadores se concedem pacote de benesses
Parlamentares de SP terão mais verba, liberdade de gastos e permissão para que seus assessores atuem nas bases eleitorais
Do jeito que foi aprovado, o projeto abre brechas para o pagamento de festas e aluguéis de comitês; se quiser, Kassab pode vetá-lo
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os vereadores de São Paulo
aprovaram ontem um projeto
de lei que concede a eles próprios um grande pacote de benefícios: terão mais verba, liberdade de gastos e permissão
para que seus assessores trabalhem em suas bases eleitorais.
O texto foi aprovado em votação simbólica, ou seja, os vereadores não precisaram se manifestar -só quem era contrário
falou (Arselino Tatto, do PT, e
Roberto Tripoli, do PV, os dois
últimos presidentes da Casa).
A partir de agora, cada parlamentar, que ganha R$ 7.155 por
mês, terá direito a uma verba
extra de R$ 12,5 mil para "despesas do mandato" -gasolina,
cópias de documentos, consultorias e outros tipos de serviço.
Do jeito que foi aprovado, o
projeto abre brechas até para o
pagamento de festas e de aluguéis de comitês nos bairros,
mas o presidente da Câmara,
Antonio Carlos Rodrigues
(PR), disse que a regulamentação estabelecerá como essa verba poderá ser gasta -tarefa que
caberá ao próprio Rodrigues-
e negou que será permitido o
pagamento de aluguéis.
De acordo com o parlamentar, as cotas atuais de serviços
-combustível, gráfica, cópias,
telefone etc. (pagas em espécie,
não em recursos, num total
equivalente a cerca de R$ 10
mil)- serão extintas para que o
vereador tenha liberdade para
usar sua verba da maneira que
preferir. O parlamentar terá
apenas de apresentar comprovante dos gastos mensalmente.
Outro benefício criado é a
possibilidade de os assessores
dos gabinetes atuarem fora da
sede da Câmara. Cada vereador
pode ter hoje até 18 assessores.
O texto prevê ainda que o vereador, se achar o número insuficiente, poderá obter mais
dois, emprestando-os da prefeitura ou de outros órgãos,
sem custos para a Câmara.
O projeto agora segue para
sanção do prefeito Gilberto
Kassab (DEM, ex-PFL). O prefeito tem o direito de vetar o
texto ou parte dele. Porém, ele
informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só vai
se manifestar depois que conhecer a íntegra do texto.
O pacote de benefícios se estende também aos funcionários da Câmara. Cada servidor
efetivo que, dentro do seu próprio horário de trabalho, for designado para atuar nas comissões da Casa, terá direito a um
jeton de R$ 1.204 por mês.
Os funcionários também ganharam direito a uma gratificação por produtividade e especialização. Isso significa que o
servidor que fizer, por exemplo, curso de mestrado, poderá
ganhar até R$ 3.804 a mais.
O projeto cria ainda 27 novos
cargos de confiança (para funções administrativas), a serem
nomeados pelo presidente, e
permite a contratação de até
190 servidores por concurso.
Contra
Roberto Tripoli, que presidiu
a Câmara entre 2005 e 2006,
disse ser contra o projeto porque teme a administração da
verba de gabinete pelos vereadores. "Acho que a Câmara tem
bons funcionários, competentes, para administrar esse dinheiro. Na mão de vereador, eu
tenho dúvida", afirmou.
Arselino Tatto, também ex-presidente, disse, sem precisar
quanto, que o projeto aumentará os gastos da Câmara. Ele afirmou que há brecha, inclusive,
para a volta dos altos salários
entre os funcionários.
Rodrigues admite que haverá
um aumento de gastos, mas
também não diz de quanto será.
Ele, porém, rebate os argumentos de Tatto. "O vereador
Arselino, como todo respeito,
não leu o projeto. O teto salarial
está no projeto, não foi retirado", disse o presidente.
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