São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2008

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OAB-RJ acusa polícia de matar motorista

Comissão de Direitos Humanos da ordem afirma que rapaz foi assassinado por policiais durante operação em favela

Durante ação policial, no dia 3, dez pessoas foram mortas em confronto com os agentes, de acordo com a Secretaria de Segurança

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio afirmou ontem que a polícia assassinou um motorista de van durante operação nas favelas da Coréia e Vila Aliança, em Senador Camará (zona oeste).
Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, Clécio Amaral de Souza, 31, foi morto desarmado, sentado na beira da cama de uma casa na favela Vila Aliança, enquanto esperava o fim da troca de tiros entre policiais e traficantes.
Na quinta-feira -dia 3-, cerca de 150 policiais fizeram uma operação nas duas favelas por sete horas. Dez pessoas foram mortas. Todas, segundo a Secretaria de Segurança, em confronto com os policiais.
No dia seguinte, funcionários da OAB foram à favela em busca de possíveis denúncias de abuso policial. A mãe de Souza -cujo nome não foi divulgado- afirmou que o filho foi "executado" por policiais.
A partir de relatos de moradores, a mulher afirmou à comissão que o filho entrou na casa de um homem por volta das 7h para se proteger do tiroteio. Policiais de um helicóptero indicaram a casa para outros em terra, suspeitando do motorista, disse ela.
Então, um grupo de policiais teria entrado na casa e pedido ao dono que saísse do local com a neta, uma menina que se preparava para ir à escola. Sempre segundo o relato da mãe da vítima à comissão, Souza foi assassinado após a saída dos dois.
"Eles entraram e ele disse que era trabalhador. Os policiais disseram: "Não, você é bandido". E deram dois tiros. Ele não entrou na casa para se esconder, mas para se abrigar", disse Pressburger.
A OAB apresentou a carteira de trabalho de Souza, um ofício da Coopcontinental afirmando que ele era funcionário da cooperativa de vans, o IPVA e as prestações de compra do veículo usado em seu trabalho.
A OAB disse que vai acompanhar o inquérito policial sobre a morte do motorista e prestar assistência jurídica à família para processar o Estado.


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