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OAB-RJ acusa polícia de matar motorista
Comissão de Direitos Humanos da ordem afirma que rapaz foi assassinado por policiais durante operação em favela
Durante ação policial, no dia 3, dez pessoas foram mortas em confronto com os agentes, de acordo com a Secretaria de Segurança
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio afirmou
ontem que a polícia assassinou
um motorista de van durante
operação nas favelas da Coréia
e Vila Aliança, em Senador Camará (zona oeste).
Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos
da OAB, Margarida Pressburger, Clécio Amaral de Souza, 31,
foi morto desarmado, sentado
na beira da cama de uma casa
na favela Vila Aliança, enquanto esperava o fim da troca de tiros entre policiais e traficantes.
Na quinta-feira -dia 3-, cerca de 150 policiais fizeram uma
operação nas duas favelas por
sete horas. Dez pessoas foram
mortas. Todas, segundo a Secretaria de Segurança, em confronto com os policiais.
No dia seguinte, funcionários
da OAB foram à favela em busca de possíveis denúncias de
abuso policial. A mãe de Souza
-cujo nome não foi divulgado- afirmou que o filho foi
"executado" por policiais.
A partir de relatos de moradores, a mulher afirmou à comissão que o filho entrou na casa de um homem por volta das
7h para se proteger do tiroteio.
Policiais de um helicóptero indicaram a casa para outros em
terra, suspeitando do motorista, disse ela.
Então, um grupo de policiais
teria entrado na casa e pedido
ao dono que saísse do local com
a neta, uma menina que se preparava para ir à escola. Sempre
segundo o relato da mãe da vítima à comissão, Souza foi assassinado após a saída dos dois.
"Eles entraram e ele disse
que era trabalhador. Os policiais disseram: "Não, você é
bandido". E deram dois tiros.
Ele não entrou na casa para se
esconder, mas para se abrigar",
disse Pressburger.
A OAB apresentou a carteira
de trabalho de Souza, um ofício
da Coopcontinental afirmando
que ele era funcionário da cooperativa de vans, o IPVA e as
prestações de compra do veículo usado em seu trabalho.
A OAB disse que vai acompanhar o inquérito policial sobre
a morte do motorista e prestar
assistência jurídica à família
para processar o Estado.
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