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Patente de droga anti-Aids pode ser rejeitada
Laboratório pode recorrer; decisão abre caminho para que Brasil compre versão genérica ou fabrique o produto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Inpi (Instituto Nacional da
Propriedade Industrial) deu
um parecer contrário à concessão de patente ao medicamento
tenofovir, fabricado pelo laboratório canadense Gilead e usado no tratamento de Aids. A Gilead tem 90 dias para recorrer.
A decisão abre caminho para
que o Brasil passe a comprar o
genérico ou fabrique-o no laboratório estatal Farmanguinhos.
O Gilead fez o pedido de patente em 1997. Anteontem, o
ministro da Saúde, José Gomes
Temporão, declarou o medicamento como de interesse público, com prioridade sobre os
demais. A justificativa é acelerar o trâmite do processo.
Segundo o secretário de
Ciência e Tecnologia do ministério, Reinaldo Guimarães, a
pasta não havia sido comunicada da decisão até ontem.
De acordo com o ministério,
o governo gasta R$ 40 milhões
por ano na compra do tenofovir
(6% do orçamento do Programa Nacional de DST e Aids). O
comprimido custa US$ 3,80
(cerca de R$ 6,40), gerando um
custo anual por paciente de
US$ 1.387 (cerca de R$ 2.300).
Segundo o ministério, o preço do genérico fabricado pelos
laboratórios indianos Cipla e
Ranbaxy é de US$ 0,881 e US$
0,532, respectivamente.
Em janeiro, os Estados Unidos negaram a propriedade intelectual do produto, sob o
mesmo argumento utilizado
pelo Inpi, de que não há "atividade inventiva".
A declaração de interesse público foi o primeiro passo para a
quebra de patente no pagamento de royalties do efavirenz
(da Merck), promovida em
2007. Para Guimarães, cabe
comparação com o tenofovir, já
que o medicamento ainda não
tem registro de patente.
A Folha deixou dois recados
na assessoria da United Medical, que representa o Gilead,
mas não obteve resposta até a
conclusão desta edição.
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