São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Sem espaço, SP procura novo centro financeiro

Prefeitura quer levar empresas para avenidas Hélio Pellegrino e Roberto Marinho

Estratégia é alternativa às já saturadas Faria Lima e Berrini, onde potencial construtivo para o setor já foi praticamente esgotado


Leo Pinheiro - 11.nov.09/Futura Press
Av.Faria Lima, que não tem mais área para ocupação comercial

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Tudo começou no centro. Depois veio a avenida Paulista, um símbolo da cidade. Mais um pouco e surgiram as avenidas Luiz Carlos Berrini e Brigadeiro Faria Lima. Agora, São Paulo está em busca de um novo centro financeiro, porque esses todos estão saturados.
O último grande empreendimento comercial da Faria Lima está em fase de aprovação. Será um conjunto comercial da Tishman Speyer, a mesma construtora do Rockefeller Center, em Nova York (EUA). Depois dele, mais nada, só alguns prédios residenciais.
Na Berrini já não pode mais nada. A área está "congelada" porque os estudos da prefeitura demonstram que a via não tem capacidade de receber mais nenhum empreendimento.
A Paulista e o centro estão esgotados por falta de novas áreas mesmo e não têm mais espaço físico para crescer.
Nessa busca por novos polos financeiros, a Prefeitura de São Paulo quer incentivar a ocupação das avenidas Hélio Pellegrino e Jornalista Roberto Marinho, antiga Água Espraiada (em direção ao Jabaquara).
Por outro lado, o próprio mercado imobiliário já fez sua opção pela região de Santo Amaro, onde até já foi construído um centro empresarial.
"A zona sul é o caminho natural de crescimento de São Paulo porque todo o resto da cidade está saturado", diz o arquiteto urbanista Benedito Lima de Toledo.

Estoques
Berrini e Faria Lima ficam em áreas de operações urbanas. Nesses locais, a prefeitura vende títulos imobiliários que são usados pelas empreiteiras para construir acima do limite autorizado pelo zoneamento. Esses títulos -os Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção)- servem para organizar a ocupação das áreas dentro das operações urbanas.
Por exemplo, o setor Faria Lima da Operação Urbana Faria Lima tinha um estoque máximo de 73.715 m2 quando essa operação foi criada. Isso significa que naquela área, que vai da Juscelino Kubitschek à Eusébio Matoso, esse é o máximo que poderia ser construído.
O estoque foi sendo usado, e, agora, a Tishman Speyer apresenta Cepacs para construir mais 31 mil m2 na avenida, em um terreno na esquina com a rua Horácio Lafer. Após a construção, não haverá mais estoque de metros quadrados disponíveis, mesmo que existam terrenos vazios.
"Precisa melhorar essa região. É farol que funciona de forma errada, retorno que não deveria existir, pessoa parando em fila dupla. Não são só os prédios, tem erro de engenharia", disse o taxista Edson Pedreira de Araújo, que trabalha na Faria Lima a uma quadra do terreno da Tishman Speyer.
Na Berrini, a Cia. Zaffari, dona do shopping Bourbon, na zona oeste, quer construir um empreendimento de 57 mil m2, tem o terreno e os Cepacs, mas não consegue aprovação porque o estoque de metros quadrados acabou.
Esses estoques, teoricamente, correspondem à capacidade da região de receber novos empreendimentos, considerando a infraestrutura do local. Quando a estrutura está esgotada, o melhor a fazer é impedir novas construções e tentar direcionar os empreendimentos para outras regiões, afirma Toledo.
No caso, a av. Hélio Pellegrino é apontada como alternativa à Faria Lima, pois as duas estão na mesma operação urbana e os Cepacs já comprados pelas empreiteiras servem para as duas áreas. O mesmo ocorre com a av. Roberto Marinho, alternativa ao congelamento da Berrini -ambas integram a operação Água Espraiada.


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