São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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VICTÓRIO POLONI (1914-2010)

O jornal chegava cedinho para seu Vito

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Victório Poloni, o seu Vito, viveu 95 anos. A cidade onde morou, no interior de SP, foi criada há mais de 80 anos por seu pai. Chama-se Poloni e está a 487 km da capital.
Lá, ele foi casado por 71 anos com dona Hermínia, hoje ainda bem ativa aos 92.
Por mais de 65 anos, a vida do filho de imigrantes italianos que foi dono de uma indústria de beneficiamento de café e arroz girou em torno da chegada do jornal, o que levou seu neto a comentar, quando o avô morreu na terça, que ele deveria ter sido enterrado com esta Folha.
Para garantir a chegada bem cedinho dos exemplares na única casa em que morou desde casado, seu Vito pagava para uma criança ir buscar o diário. Depois de lidos, os jornais eram arquivados por dois meses e só então doados ao açougue. Nos últimos tempos, ele comentou: "O meu "Parmera" está muito ruim. Faz muitos dias que a Folha não publica nada sobre ele".
O seu Palmeiras era seguido sempre pelo radinho. Na TV, via as imagens dos jogos, mas com o volume zerado. Por mais de 75 anos, locomoveu-se de bicicleta e todo dia bebia seu conhaque. Sobre a morte, tinha medo. "Todo mundo inventa tudo, mas ninguém inventa como não morrer", dizia. Morreu de falência de órgãos. Teve três filhos e dois netos. Haverá uma missa de sétimo dia hoje, às 18h, na igreja Matriz de Poloni e uma amanhã, às 19h, na igreja de São Domingos, em São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br


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