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VICTÓRIO POLONI (1914-2010)
O jornal chegava cedinho para seu Vito
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Victório Poloni, o seu Vito,
viveu 95 anos. A cidade onde
morou, no interior de SP, foi
criada há mais de 80 anos por
seu pai. Chama-se Poloni e
está a 487 km da capital.
Lá, ele foi casado por 71
anos com dona Hermínia,
hoje ainda bem ativa aos 92.
Por mais de 65 anos, a vida
do filho de imigrantes italianos que foi dono de uma indústria de beneficiamento
de café e arroz girou em torno da chegada do jornal, o
que levou seu neto a comentar, quando o avô morreu na
terça, que ele deveria ter sido
enterrado com esta Folha.
Para garantir a chegada
bem cedinho dos exemplares na única casa em que morou desde casado, seu Vito
pagava para uma criança ir
buscar o diário. Depois de lidos, os jornais eram arquivados por dois meses e só então doados ao açougue.
Nos últimos tempos, ele
comentou: "O meu "Parmera" está muito ruim. Faz muitos dias que a Folha não publica nada sobre ele".
O seu Palmeiras era seguido sempre pelo radinho. Na
TV, via as imagens dos jogos,
mas com o volume zerado.
Por mais de 75 anos, locomoveu-se de bicicleta e todo
dia bebia seu conhaque.
Sobre a morte, tinha medo. "Todo mundo inventa tudo, mas ninguém inventa como não morrer", dizia. Morreu de falência de órgãos. Teve três filhos e dois netos.
Haverá uma missa de sétimo dia hoje, às 18h, na igreja
Matriz de Poloni e uma amanhã, às 19h, na igreja de São
Domingos, em São Paulo.
coluna.obituario@uol.com.br
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