São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2011

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Famílias encaram trauma pós-massacre

Alunos de escola onde 12 crianças foram assassinadas apresentam quadro de depressão, segundo equipes de apoio

Médicos, psicólogos e assistentes sociais já visitaram 674 casas; governo vai tentar "mudar cara" de colégio

Ricardo Moraes/Reuters
70 pessoas homenagearam as vítimas em Copacabana ontem

CIRILO JUNIOR
DO RIO

Traumatizados depois do ataque que deixou 12 crianças mortas, alunos da escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, apresentam quadro de grande depressão.
É o que dizem médicos, psicólogos e assistentes sociais que realizaram as primeiras visitas às famílias de alunos do colégio. No final de semana, esses profissionais estiveram em 674 casas.
Muitos não conseguem dormir direito, estão reclusos ou não se alimentam devidamente. Os casos mais graves serão monitorados de perto pelas secretarias de Saúde e Assistência Social do Rio.
A tragédia ocorrida na quinta-feira passada abateu também familiares dos alunos. Alguns pais não querem que seus filhos voltem sequer a estudar. Outros mostram resistência a deixar as crianças retornarem ao local do crime.

CULPA
"Encontramos também alunos que faltaram no dia, e que se sentem culpados pela morte dos colegas", afirmou a coordenadora de saúde da região de Realengo e adjacências, Tatiane Caldeira.
A ideia é recomeçar. Para isso, a Secretaria de Educação do Rio prepara uma transformação visual no colégio, que contará com a participação de alunos, pais, professores e funcionários.
No dia 18, data inicialmente prevista para o retorno às aulas, será iniciada a "reinvenção" da escola, como definiu a secretária da pasta, Cláudia Costin. "Vamos pintar toda a escola, inclusive as salas. Haverá oficina de mosaico, e vamos instalar um aquário. Queremos fazer uma transformação visual."
As turmas serão trocadas de sala. Ainda não foi definido como as duas salas onde crianças foram mortas serão utilizadas. O calendário será refeito, e as primeiras provas bimestrais serão suspensas.
"Queremos que as crianças permaneçam. Vamos incentivar isso. Podem ocorrer casos mais delicados, e aí, podemos transferir alguns alunos", disse a secretária.
Psicólogos e médicos começam a preparar professores e funcionários para o retorno às aulas. Um trabalho de orientação sobre como lidar com os estudantes será feito a partir de amanhã e se estenderá até sexta-feira.
Ontem, um ato ecumênico com pastores e um padre reuniu 200 pessoas em frente à escola. O culto foi organizado pela igreja presbiteriana próxima ao colégio, que vem prestando assistência às vítimas desde quinta-feira.


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