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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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SAÚDE

Principal objetivo é atingir populações mais carentes

Ministério troca palestras por teatro para informar sobre Aids

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A JOÃO PESSOA

Fazer palestras sobre Aids cansou. Nem quem fala nem quem ouve aguenta mais. Essa foi uma das razões que levou o Ministério da Saúde a investir no teatro como forma de sensibilizar e informar as pessoas.
A outra razão tem a ver com o aumento de grupos em todo o país que vem empregando o teatro de rua para fazer prevenção. A 2ª Maratona de Teatro em Aids, iniciada na quinta-feira em João Pessoa (PB), reuniu 120 atores de 19 grupos de 12 Estados. Três eram de São Paulo, capital, e quatro, da própria Paraíba.
Na noite da abertura, um cortejo que misturava "comedores de fogo", atores, dançarinos, palhaços e meninos músicos foi seguido por centenas de pessoas.
Uma pesquisa encomendada pelo próprio ministério e apresentada no congresso de Aids em Havana, no mês passado, mostrou que o teatro é um importante "recurso de aprendizagem", especialmente para as populações de menor escolaridade. "As pessoas se identificavam com os personagens, se envolviam com as histórias e, depois da peça, se lembravam de cada detalhe", diz a psicóloga clínica Vera Lúcia Moris, da PUC de São Paulo, que realizou o estudo para o ministério.
A pesquisa foi feita com 43 homens e mulheres, jovens e adultos, convidados a assistirem diferentes peças apresentadas na 1ª Maratona de Teatro realizada em 2002 em Campo Grande (MS). "As pessoas diziam que a palestra era "monótona" e a TV "não mostrava a verdade", enquanto o "teatro não pára nunca" e mostra como as "coisas devem ser feitas"."
Após 21 anos de epidemia e o desgaste sofrido pela informação racional, o teatro está sendo usado para "pegar pela emoção". "O teatro tem impacto maior nas populações mais simples e nas do interior, onde a Aids vem crescendo mais rapidamente", diz o médico Ranulfo Cardoso Júnior, coordenador de DST-Aids da Secretaria de Saúde da Paraíba, que co-patrocinou o evento. "O impacto de ONGs que usavam teatro como meio de linguagem chamou a atenção do ministério", diz Leonardo Guirao Júnior, da Coordenação Nacional de DST-Aids.
Anteontem, três grupos se apresentaram na rodoviária de João Pessoa. Um deles, o Teatral de Risco, de Campo Grande, mostrou a peça "João Cuiudo Contra o Bicho Dstsudo", montada para moradores de assentamentos.


O jornalista Aureliano Biancarelli viajou a convite do Ministério da Saúde e do governo do Estado da Paraíba


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