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VIOLÊNCIA
Com base em escutas, polícia diz que traficante seguiu crime a partir de cela; detento nega que voz seja sua
Preso é acusado de comandar morte de casal pelo celular
DA AGÊNCIA FOLHA
Condenado por tráfico de drogas e preso na única penitenciária
de segurança máxima do Espírito
Santo, José Antônio Marim, conhecido como Toninho Pavão, é
acusado de ter ordenado e acompanhado de dentro da unidade
prisional, com um telefone celular, o assassinato de um casal.
Trechos da escuta que revelaram o caso foram divulgados anteontem pela Polícia Federal.
Antônio Marcos Costa Gama,
também traficante e foragido por
assalto a banco, e a mulher dele,
Francisca Heliane Fernandes, foram mortos com ao menos 22 tiros no dia 28 de março, num matagal do município de Cariacica.
O seguinte diálogo foi captado
no grampo telefônico, autorizado
pela Justiça a pedido da PF para
investigação sobre tráfico de drogas. A primeira voz é atribuída a
Toninho Pavão, e a segunda, a
Wether Alves Clímaco, suposto
executor dos assassinatos.
- Não tem idéia, não. Dá pra
resolver parceiro?
- Dá.
- Então resolve, acaba isso
logo.
Ouvem-se então gritos e uma
série de disparos ao fundo.
- E aí?
- Já é, já é.
- Valeu. Os dois, né?
- Os dois.
A Polícia Civil instaurou inquérito. Segundo o delegado responsável, Daniel Veras, Toninho Pavão e Clímaco serão acusados de
homicídio duplamente qualificado -motivo torpe e método que
impossibilitou chance de defesa.
Veras afirmou que o crime foi
motivado por dívida. Ele disse
que Gama recebeu R$ 70 mil de
Toninho Pavão para comprar
drogas em outro Estado, mas teria
ficado com o dinheiro. Para o delegado, a mulher foi assassinada
como queima de arquivo.
Em depoimento anteontem na
PF, Toninho Pavão negou que a
voz seja sua. O acusado de atirar
contra o casal foi preso no município de Serra há um mês e também negou o diálogo. Condenado
por tráfico, Clímaco estava em liberdade condicional.
Transferência
A pedido do Estado, Toninho
Pavão e outros quatro criminosos
considerados de alta periculosidade foram transferidos ontem
da penitenciária, em Viana, para a
carceragem da PF em Vitória.
Em entrevista anteontem, o secretário da Justiça, Ângelo Roncalli de Ramos Barros, disse que o
avanço da tecnologia tornou obsoleto o bloqueador de sinal no
presídio em Viana.
Ele anunciou que vai aumentar
de 12 para 80 o número de agentes
que integram o grupo móvel responsável pela revista em presídios
e que vai instalar um aparelho de
raios X na penitenciária de Viana.
(EDUARDO DE OLIVEIRA)
Ouça trecho da conversa na
www.folha.com.br/061301
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