São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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VIOLÊNCIA

Com base em escutas, polícia diz que traficante seguiu crime a partir de cela; detento nega que voz seja sua

Preso é acusado de comandar morte de casal pelo celular

DA AGÊNCIA FOLHA

Condenado por tráfico de drogas e preso na única penitenciária de segurança máxima do Espírito Santo, José Antônio Marim, conhecido como Toninho Pavão, é acusado de ter ordenado e acompanhado de dentro da unidade prisional, com um telefone celular, o assassinato de um casal.
Trechos da escuta que revelaram o caso foram divulgados anteontem pela Polícia Federal.
Antônio Marcos Costa Gama, também traficante e foragido por assalto a banco, e a mulher dele, Francisca Heliane Fernandes, foram mortos com ao menos 22 tiros no dia 28 de março, num matagal do município de Cariacica.
O seguinte diálogo foi captado no grampo telefônico, autorizado pela Justiça a pedido da PF para investigação sobre tráfico de drogas. A primeira voz é atribuída a Toninho Pavão, e a segunda, a Wether Alves Clímaco, suposto executor dos assassinatos.
- Não tem idéia, não. Dá pra resolver parceiro?
- Dá.
- Então resolve, acaba isso logo.
Ouvem-se então gritos e uma série de disparos ao fundo.
- E aí?
- Já é, já é.
- Valeu. Os dois, né?
- Os dois.
A Polícia Civil instaurou inquérito. Segundo o delegado responsável, Daniel Veras, Toninho Pavão e Clímaco serão acusados de homicídio duplamente qualificado -motivo torpe e método que impossibilitou chance de defesa.
Veras afirmou que o crime foi motivado por dívida. Ele disse que Gama recebeu R$ 70 mil de Toninho Pavão para comprar drogas em outro Estado, mas teria ficado com o dinheiro. Para o delegado, a mulher foi assassinada como queima de arquivo.
Em depoimento anteontem na PF, Toninho Pavão negou que a voz seja sua. O acusado de atirar contra o casal foi preso no município de Serra há um mês e também negou o diálogo. Condenado por tráfico, Clímaco estava em liberdade condicional.

Transferência
A pedido do Estado, Toninho Pavão e outros quatro criminosos considerados de alta periculosidade foram transferidos ontem da penitenciária, em Viana, para a carceragem da PF em Vitória.
Em entrevista anteontem, o secretário da Justiça, Ângelo Roncalli de Ramos Barros, disse que o avanço da tecnologia tornou obsoleto o bloqueador de sinal no presídio em Viana.
Ele anunciou que vai aumentar de 12 para 80 o número de agentes que integram o grupo móvel responsável pela revista em presídios e que vai instalar um aparelho de raios X na penitenciária de Viana. (EDUARDO DE OLIVEIRA)

Ouça trecho da conversa na www.folha.com.br/061301



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