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PF infiltrou agente na quadrilha do Corcovado
Policial fotografou fraude cometida por PMs, funcionários e dono de empresa de turismo
Um dos acusados foi preso em Fernando de Noronha, onde passava as férias; PF calcula que ele lucrou até
R$ 50 mil/ mês com fraude
DA SUCURSAL DO RIO
Para desarticular o esquema
de fraude na bilheteria do Corcovado, a PF (Polícia Federal)
infiltrou um agente na quadrilha formada por empregados
terceirizados, policiais militares e até um empresário da área
de turismo.
A infiltração ocorreu no início deste ano, quando as investigações iniciadas em setembro
do ano passado se intensificaram. O esquema, de acordo
com a PF, funcionou nos últimos dois anos.
Coube ao "espião" infiltrado
instalar escutas ambientais na
cabine de cobrança dos ingressos e fotografar de maneira reservada a atuação dos integrantes da quadrilha.
A PF não divulgou como conseguiu colocar um de seus homens em contato com os integrantes da quadrilha, mas as informações por ele coletadas
serviram de base para os 24 pedidos de prisão preventiva e 30
de busca e apreensão apresentados à Justiça do Rio.
Um dos pedidos de prisão, de
um empregado da Jeep Tour,
foi negado pela Justiça. Os demais foram integralmente
cumpridos.
Fernando de Noronha
Agentes da PF prenderam o
acusado Carlos Geisi, suspeito
de chefiar a quadrilha, em Fernando de Noronha, onde passava férias. Ele é um dos bilheteiros da Trade-Rio.
Com base na descoberta do
infiltrado, a PF concluiu que o
ganho mensal de Geisi chegou,
em alguns meses, a R$ 50 mil.
De acordo com as investigações
da PF, a quadrilha desviava cerca de R$ 300 mil das bilheterias
por mês. Os demais acusados
foram presos no Rio.
Ainda amparada nas informações de seu agente travestido de criminoso, a PF conseguiu levantar a atuação dos policiais militares do Batalhão
Turístico no esquema.
Todos os dias, ao final do expediente, os bilheteiros destinavam aos policiais uma parte
do obtido com o desvio do dinheiro dos ingressos.
Os PMs envolvidos, todos
responsáveis pelo patrulhamento do Parque Nacional da
Floresta da Tijuca, são um tenente, dois sargentos e quatro
soldados. A PF não divulgou o
nome de nenhum dos presos.
O tenente recebia, em média,
R$ 2.000 por semana, disse o
superintendente regional do
Ibama, Rogério Rocco.
Mais envolvidos
Segundo o delegado Alexandre Saraiva, responsável pelo
caso, as investigações continuam e outras empresas de turismo podem estar envolvidas.
"Há relatos de desvio de arrecadação no Corcovado desde os
anos 90", afirmou ele, para
quem é "conservador" o cálculo
do desvio de R$ 300 mil, pois os
criminosos "se apoderavam de
90%" do que era arrecadado.
A ministra Marina Silva, que
foi ao Rio especialmente para
acompanhar a operação da PF,
disse que o governo federal entrará na Justiça contra os responsáveis pelo golpe.
O policiamento local está a
cargo de 45 policiais da Força
Nacional de Segurança Pública.
(SERGIO TORRES)
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