São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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PF infiltrou agente na quadrilha do Corcovado

Policial fotografou fraude cometida por PMs, funcionários e dono de empresa de turismo

Um dos acusados foi preso em Fernando de Noronha, onde passava as férias; PF calcula que ele lucrou até R$ 50 mil/ mês com fraude

DA SUCURSAL DO RIO

Para desarticular o esquema de fraude na bilheteria do Corcovado, a PF (Polícia Federal) infiltrou um agente na quadrilha formada por empregados terceirizados, policiais militares e até um empresário da área de turismo.
A infiltração ocorreu no início deste ano, quando as investigações iniciadas em setembro do ano passado se intensificaram. O esquema, de acordo com a PF, funcionou nos últimos dois anos.
Coube ao "espião" infiltrado instalar escutas ambientais na cabine de cobrança dos ingressos e fotografar de maneira reservada a atuação dos integrantes da quadrilha.
A PF não divulgou como conseguiu colocar um de seus homens em contato com os integrantes da quadrilha, mas as informações por ele coletadas serviram de base para os 24 pedidos de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão apresentados à Justiça do Rio.
Um dos pedidos de prisão, de um empregado da Jeep Tour, foi negado pela Justiça. Os demais foram integralmente cumpridos.

Fernando de Noronha
Agentes da PF prenderam o acusado Carlos Geisi, suspeito de chefiar a quadrilha, em Fernando de Noronha, onde passava férias. Ele é um dos bilheteiros da Trade-Rio.
Com base na descoberta do infiltrado, a PF concluiu que o ganho mensal de Geisi chegou, em alguns meses, a R$ 50 mil. De acordo com as investigações da PF, a quadrilha desviava cerca de R$ 300 mil das bilheterias por mês. Os demais acusados foram presos no Rio.
Ainda amparada nas informações de seu agente travestido de criminoso, a PF conseguiu levantar a atuação dos policiais militares do Batalhão Turístico no esquema.
Todos os dias, ao final do expediente, os bilheteiros destinavam aos policiais uma parte do obtido com o desvio do dinheiro dos ingressos.
Os PMs envolvidos, todos responsáveis pelo patrulhamento do Parque Nacional da Floresta da Tijuca, são um tenente, dois sargentos e quatro soldados. A PF não divulgou o nome de nenhum dos presos.
O tenente recebia, em média, R$ 2.000 por semana, disse o superintendente regional do Ibama, Rogério Rocco.

Mais envolvidos
Segundo o delegado Alexandre Saraiva, responsável pelo caso, as investigações continuam e outras empresas de turismo podem estar envolvidas. "Há relatos de desvio de arrecadação no Corcovado desde os anos 90", afirmou ele, para quem é "conservador" o cálculo do desvio de R$ 300 mil, pois os criminosos "se apoderavam de 90%" do que era arrecadado.
A ministra Marina Silva, que foi ao Rio especialmente para acompanhar a operação da PF, disse que o governo federal entrará na Justiça contra os responsáveis pelo golpe.
O policiamento local está a cargo de 45 policiais da Força Nacional de Segurança Pública.
(SERGIO TORRES)


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