São Paulo, domingo, 11 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Barcos de porto ilegal levam 90% dos passageiros

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

No centro antigo da capital amazonense, as escadarias da avenida Manaus Moderna, às margens do rio Negro, formam o maior porto ilegal do Amazonas. É o ponto de partida da viagem feita pela Folha até Manacapuru, a 84 km dali. Estima-se que mil embarcações atraquem por dia no local. Elas transportam 90% dos 180 mil passageiros que trafegam por mês pelos rios Negro e Solimões, que formam o Amazonas.
Quando o rio Negro está cheio, passageiros têm de sujar os pés na água poluída, atravessar passarelas improvisadas de madeira e balsas para acessar os barcos. Nas passarelas, o que se vê é um entra-e-sai de gente à procura de embarcações, candidatos a passageiros que se misturam a camelôs, carregadores, barqueiros e pescadores. Todos trabalhando em condições insalubres.
As passagens são vendidas nos barcos ou em bancas ao longo da chamada Feira da Banana. Os destinos são os 62 municípios amazonenses, além de cidades no Pará e em Rondônia. Em cima das balsas, camelôs vendem lanches e bebidas alcóolicas. À noite, o local vira ponto de prostituição e de tráfico de drogas.
A 50 metros do ponto clandestino, fica um porto legal, a Estação Hidroviária do Porto de Manaus, que atende somente 4.775 passageiros por mês. Como as passagens ali são mais caras, os clientes preferem as escadarias da Manaus Moderna, onde os barcos atracados não pagam taxas.
A diferença de preço das passagens nos dois portos chega a 20%. Para Coari (370 km de Manaus), por exemplo, o bilhete sai por R$ 72 no porto, contra R$ 60 nas escadarias.
"Infelizmente isso [predomínio do transporte informal] é uma realidade cultural e social", afirma Carlos Alexandre De Carli, diretor-presidente do Porto de Manaus. (KB)


Texto Anterior: Barco ignora risco e viaja no escuro para fugir de fiscal
Próximo Texto: Em choque, sobrevivente não se lembra de nomes nem idade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.