São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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Prevista para abril, obra antiapagão ainda nem começou

Enquanto subestação de energia não fica pronta, bairros como Morumbi e Pinheiros têm falta esporádica de luz

Vencedora da concorrência para implantação da obra, empresa privada ainda não obteve licença ambiental para tirar o projeto do papel

Joel Silva/Folha Imagem
Subestação Bandeirantes, na marginal Pinheiros, que tem problemas de sobrecarga de energia

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

As obras de uma subestação de energia planejada para evitar apagões em ao menos 21 bairros de São Paulo, como Moema (zona sul) e Morumbi (zona oeste), que deveriam estar prontas em abril deste ano, ainda nem começaram.
Enquanto isso, são vários os relatos de miniapagões nessas regiões. Até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, teve de reforçar o sistema de abastecimento emergencial de energia.
Com o atraso, cresce o risco de um apagão de maiores proporções, como o de 2008, quando 2,5 milhões de pessoas ficaram sem luz na cidade devido à sobrecarga na subestação Bandeirantes, que fica ao lado da marginal Pinheiros.
Para que a situação não se repetisse, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) determinou na época a realização de 14 obras emergenciais.
A empresa privada CTEEP (ex-estatal paulista) assinou um contrato com a Aneel no qual se comprometeu a entregar uma linha de transmissão e a subestação Piratininga 2 até 16 de abril de 2010.
A obra atrasou, contudo, devido à demora para obtenção da documentação ambiental.

"Pesadelo"
Mesmo que um apagão maior não tenha ocorrido de novo, são muitas as reclamações de problemas esporádicos. Moradora do Morumbi há um ano e meio, a editora Denise Gonçalves, 39, reclama dos cortes frequentes. "É um pesadelo. Moro no 15º andar de um prédio sem gerador", diz.
Em Moema, comerciantes dizem que é frequente a queda de luz, mesmo em período sem chuva. Segundo Alba Santos, gerente de uma loja na avenida Cotovia, o problema ocorre duas vezes por mês.
Ela diz que no meio do ano passado, na época da seca, a interrupção chegou a oito horas. O risco de apagão foi evidenciado em reunião recente na prefeitura, na qual o representante da CTEEP, Claudio Lara, resumiu: "Sem essa obra, nós temos riscos de apagão, temos riscos de não haver fornecimento de energia".
Procurada pela Folha, a CTEEP não respondeu sobre a possibilidade de falta de energia na zona sul. Disse que a subestação vai minimizar "possíveis riscos de não atendimento ao consumo local".
O diretor do Sindicato dos Eletricitários de SP Washington Aparecido dos Santos afirma que a zona sul já convive com o problema.
"Todos sabem que a região sul cresce de forma desordenada e que a oferta de energia é a mesma. Qualquer problema um pouco maior na Bandeirantes vai desligar tudo", diz.
A Eletropaulo não quis se manifestar sobre o atraso na construção da subestação Piratininga 2, mas nega que esse seja a causa do problema.
O coordenador de Energia da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado, Jean Negri, disse que foram feitas adaptações na subestação Bandeirantes para evitar apagões e que problemas como o de 2008 são mais evitáveis hoje.
"Está colocado por nós que essa obra é fundamental e prioritária para a Grande São Paulo. O sistema não é imune, mas já temos a possibilidade de realocação de cargas [de energia na região sul]", diz.


Colaborou CRISTINA MORENO DE CASTRO


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